domingo, janeiro 14, 2007

Intensidade x profundidade

O ser humano é cheio de mistérios. Outro dia estava divagando sobre duas características que as pessoas costumam confundir regularmente: intensidade e profundidade. Percebi que muitas pessoas acreditam viver a vida com profundidade por viverem intensamente, mantendo-se sempre ocupadas e com as agendas cheias. Mas se pararmos para pensar, viver intensamente e viver profundamente são coisas bem diferentes.

Pessoas intensas vivem com suas emoções à flor da pele, são instintivas, intuitivas e, acima de tudo, impulsivas. Elas vivem para o momento - e não deixam de estar certas, porque a vida é aqui e agora. É comum se sentirem atropeladas pelos acontecimentos. Mas essa intensidade de sentimentos nem sempre vem acompanhada de profundidade.

Quando há profundidade, a pessoa pára para analisar os acontecimentos à sua volta e digeri-los a seu tempo (como eu costumo repetir com frequência: vivendo e aprendendo). Essas pessoas não têm medo de encarar seus próprios monstros antes de prosseguirem em seu caminho. Elas não têm medo de assumir seus erros e, com o tempo e o necessário amadurecimento, elas aprendem com eles.

O interessante é que a cultura ocidental sempre valorizou pessoas intensas, sempre valorizou a ação acima do pensamento, pessoas que fazem e acontecem. Basta observar que pessoas extrovertidas costumam ter mais sucesso pessoal e profissional do que pessoas introvertidas. Eu até desconfio que pessoas introvertidas não se adaptam ao mundo em que vivemos hoje - um mundo em que, basicamente, as pessoas são o que elas têm (nem mais, nem menos).

A tradição oriental, por sua vez, valoriza os momentos de introspecção e meditação, a busca de significado nos pequenos detalhes do dia-a-dia. Os orientais buscam a profundidade por trás dos acontecimentos cotidianos, como se percebe nitidamente em sua religião e literatura. Ao invés de se deixarem levar por suas emoções, eles tentam entendê-las, aceitá-las e finalmente, dominá-las - só então podem apreciar o real significado por trás de suas emoções.

Com o passar dos anos, percebo que estou cada vez mais introspectiva (contemplativa), apesar do temperamento extrovertido. Na verdade, tenho dentro de mim um pouco das duas coisas: tento viver a vida intensamente mas, ao mesmo tempo, vivo em busca do significado oculto nas pessoas e acontecimentos ao meu redor. Pode ser um defeito, eu prefiro ver como uma qualidade.

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Intensidade x profundidade

O ser humano é cheio de mistérios. Outro dia estava divagando sobre duas características que as pessoas costumam confundir regularmente: intensidade e profundidade. Percebi que muitas pessoas acreditam viver a vida com profundidade por viverem intensamente, mantendo-se sempre ocupadas e com as agendas cheias. Mas se pararmos para pensar, viver intensamente e viver profundamente são coisas bem diferentes.

Pessoas intensas vivem com suas emoções à flor da pele, são instintivas, intuitivas e, acima de tudo, impulsivas. Elas vivem para o momento - e não deixam de estar certas, porque a vida é aqui e agora. É comum se sentirem atropeladas pelos acontecimentos. Mas essa intensidade de sentimentos nem sempre vem acompanhada de profundidade.

Quando há profundidade, a pessoa pára para analisar os acontecimentos à sua volta e digeri-los a seu tempo (como eu costumo repetir com frequência: vivendo e aprendendo). Essas pessoas não têm medo de encarar seus próprios monstros antes de prosseguirem em seu caminho. Elas não têm medo de assumir seus erros e, com o tempo e o necessário amadurecimento, elas aprendem com eles.

O interessante é que a cultura ocidental sempre valorizou pessoas intensas, sempre valorizou a ação acima do pensamento, pessoas que fazem e acontecem. Basta observar que pessoas extrovertidas costumam ter mais sucesso pessoal e profissional do que pessoas introvertidas. Eu até desconfio que pessoas introvertidas não se adaptam ao mundo em que vivemos hoje - um mundo em que, basicamente, as pessoas são o que elas têm (nem mais, nem menos).

A tradição oriental, por sua vez, valoriza os momentos de introspecção e meditação, a busca de significado nos pequenos detalhes do dia-a-dia. Os orientais buscam a profundidade por trás dos acontecimentos cotidianos, como se percebe nitidamente em sua religião e literatura. Ao invés de se deixarem levar por suas emoções, eles tentam entendê-las, aceitá-las e finalmente, dominá-las - só então podem apreciar o real significado por trás de suas emoções.

Com o passar dos anos, percebo que estou cada vez mais introspectiva (contemplativa), apesar do temperamento extrovertido. Na verdade, tenho dentro de mim um pouco das duas coisas: tento viver a vida intensamente mas, ao mesmo tempo, vivo em busca do significado oculto nas pessoas e acontecimentos ao meu redor. Pode ser um defeito, eu prefiro ver como uma qualidade.

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