sexta-feira, março 30, 2007

Pra quem gosta de um bom thriller

Já que os dias andam mesmo estranhos, decidi comentar aqui sobre alguns filmes que tenho pego na locadora nos últimos tempos. Pra quem gosta de filmes como O Sexto Sentido, tenho algumas dicas talvez interessantes.

A começar pelo filme Lady in the Water (2006) de M. Night Shyamalan, o mesmo diretor do Sexto Sentido. Ainda do mesmo diretor e não menos intrigante: The Village (2004). Só não vou falar mais nada pra não estragar o suspense!

Outro filme que vale a pena conferir é The Gathering (2002), que assisti ontem à noite. O filme é com a Christina Ricci, que ficou famosa com aquele papel da menininha gótica da Família Adams, entre tantos outros. O roteiro é complexo e provavelmente eu precisaria de um post somente para comentar este filme (ou qualquer um dos outros citados acima, diga-se de passagem). Portanto, confira você mesmo!

E já que estou falando de thrillers, um mais antigo que não poderia deixar de incluir nesta lista é The Others (2001), dirigido por Alejandro Amenábar e com excelente atuação de Nicole Kidman. E por falar em Nicole Kidman, outro que vale a pena conferir é Birth (2004), talvez não tão bom quanto os anteriores, mas um filme no mínimo curioso.

Se eu lembrar de mais alguns filmes deste estilo, escrevo depois!

quinta-feira, março 29, 2007

Dias estranhos

Ando reflexiva, como se uma mudança estivesse prestes a acontecer dentro de mim mesma. Mas ainda não encontrei palavras pra (me) descrever. Perplexa, observo quieta e tento decifrar meus pensamentos e entender para onde eles querem me levar. Acontece quando alguém faz ou diz algo e desencadeia sem querer emoções antigas, de outros relacionamentos e outras ilusões. Quando nos vemos novamente em uma situação de aprendizado (nós que ingenuamente pensávamos já ter aprendido a lição). Quando temos a desagradável sensação de estar andando em círculos. Nessas horas me transformo em uma pergunta. Temporariamente em busca de uma resposta.

São pequenos acontecimentos cotidianos (uma palavra mal-colocada, um ato descuidado, um comentário fora de hora) que passam despercebidos pela maioria e que fazem com que a gente mude - de idéia, de sentimento, de ilusão. Pequenos acontecimentos que mudam o rumo das relações. Que mudam nossa maneira de ver os outros e nós mesmos. Pensando bem: como assim pequenos?

Hoje estou cansada. Cansada das relações humanas. Ou talvez devesse dizer: cansada dos papéis que as pessoas insistem em viver. Das inúmeras máscaras que as pessoas insistem em vestir. O mais surpreendente é que elas acreditam ser mesmo aquilo que criaram. Mas a essência, lá dentro delas, é bem outra. Eu não quero viver papéis - embora isso talvez seja mais uma ilusão que insisto em manter. Porque na vida precisamos de papéis para sobreviver. Quer a gente queira ou não. Sei lá, cansei...

terça-feira, março 27, 2007

Como é que se escreve?

Quando não estou escrevendo, eu simplesmente não sei como se escreve. E se não soasse infantil e falsa a pergunta das mais sinceras, eu escolheria um amigo escritor e lhe perguntaria: como é que se escreve?

Por que, realmente, como é que se escreve? que é que se diz? e como dizer? e como é que se começa? e que é que se faz com o papel em branco nos defrontando tranquilo?

Sei que a resposta, por mais que intrigue, é a única: escrevendo. Sou a pessoa que mais se surpreende de escrever. E ainda não me habituei a que me chamem de escritora. Porque, fora das horas em que escrevo, não sei absolutamente escrever. Será que escrever não é um ofício? Não há aprendizagem, então? O que é? Só me considerarei escritora no dia em que eu disser: sei como se escreve.

(crônica de Clarice Lispector em A Descoberta do Mundo)

Clarice Lispector


O nome por si só já me traz sensações boas...e acima de tudo, inexplicáveis. Clarice foi e continua sendo minha maior fonte de inspiração e felicidade. Lá pelos meus 20 anos, já tinha lido vários romances consagrados da autora, como A Paixão Segundo G.H., Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres e Água Viva...livros que marcaram para sempre a Literatura Brasileira - e a minha vida. Volta e meia ouço gente dizer que não é leitura das mais fáceis. E provavelmente não é mesmo. Mas eu sempre li Clarice em estado de transe, absorvida por cada palavra, cada frase. Porque Clarice não é para ser entendida, é para ser sentida (e provavelmente todos seus fãs concordarão comigo neste ponto).

Ao voltar ao Brasil pela segunda vez, já morando na Holanda e com planos de me instalar por aqui (e cá estou eu, 13 anos depois), tive de tomar uma das decisões mais difíceis da minha vida: que livros levar para a Holanda e que livros deixar para trás. Os que ficaram foram vendidos por meu pai (depois da morte de minha mãe porque era ela a guardiã dos meus livros) para sebos do Rio. É que meu pai nunca entendeu o valor dos livros - eu aprendi a gostar de ler com a minha mãe - e como precisava de dinheiro, não pensou duas vezes...Resultado: lá se foram livros e mais livros, dentre eles muitas edições esgotadas. Nem a minha coleção de capa dura do Monteiro Lobato escapou. Sinto o coração apertado só de pensar. Porque foram autores que marcaram minha adolescência e juventude e, em grande parte, me fizeram ser o que sou hoje.

Felizmente consegui salvar dois autores essenciais, Clarice Lispector e Caio Fernando Abreu. Não poderia imaginar a minha vida sem eles. Tenho aqui nas prateleiras livros já esgotados há tempos no Brasil - verdadeiras pérolas da literatura brasileira (e porque não dizer, universal).

Para quem ainda não descobriu o mundo de Clarice, eu recomendo cautela. E sugeriria começar com o livro de contos A Felicidade Clandestina, o romance A Hora da Estrela (ou A Aprendizagem para os mais ousados) e a coletânea de crônicas publicadas em jornais: A Descoberta do Mundo.

Será mesmo ?

Será mesmo que a gente aprende com nossos erros? Ou será que a gente erra, erra e erra mais uma vez até aprender? Hoje eu estava pensando no Caminho do Meio, aquele que muitos de nós passamos grande parte da vida procurando. Não é fácil encontrar a medida certa na vida e nos relacionamentos. Não é fácil tomar a decisão certa no momento certo (sem falar que para alguns o momento certo nunca chega). E nem sempre isso é possível. O que é possível é tomar a decisão certa para aquele dado momento de nossas vidas. E acredito (ou pelo menos, tento acreditar) que a gente sempre tenta fazer o melhor possível em cada situação.

Uma coisa que me surpreende, no entanto, é ver como o ser humano tem dificuldade em distinguir entre ajudar uma pessoa e criticar uma pessoa. Eu mesma confesso que sempre tive problemas com isso. Pra começar porque acredito que as pessoas possam ajudar umas às outras até certo ponto. E daquele ponto em diante, cada um decide o que quer ou não fazer com a sua vida (lembram do velho ditado? se conselho fosse bom não se dava, se vendia). Também acho que antes de dar um conselho, devemos tentar nos colocar no lugar do outro. Devemos nos esforçar para ver as coisas sob sua perspectiva - o que convenhamos, não é tarefa das mais simples. Porque muitas vezes, quem está precisando de conselho somos nós mesmos! Afinal de contas, é sempre mais fácil resolver os problemas dos outros. Haja bom-senso. E haja sabedoria.

De resto, vamos aprendendo...cada um a seu tempo e à sua maneira. Muitos erros e acertos, escolhas quase que diárias - algumas das quais iremos nos arrepender mais adiante ao vermos que não eram tão boas quanto havíamos imaginado. O importante é seguir em frente e lembrar que foi a melhor escolha naquele momento. E de preferência, seguir em frente sem remorso e sem sentimento de culpa.

Não sei se estou sendo clara, ando me sentindo meio esquisita...Mas acho que o que eu queria mesmo dizer é que o melhor para uma pessoa não é necessariamente o melhor para outra. E ao darmos conselhos, muitas vezes partimos do pressuposto do que é bom para nós mesmos. Pronto: está armada a confusão!

sexta-feira, março 23, 2007

A vida em technicolor


A vida tem dessas coisas. Tem fases em que os dias parecem se escoar vagarosamente, sem dó nem piedade...aquela sensação irritante de entra-dia-sai-dia tudo igual, tudo assim meio preto-e-branco (ou será que nós é que ficamos temporariamente daltônicos?). Outras épocas, vislumbramos os detalhes nas paisagens, vemos os detalhes no todo. Novos ângulos, novas descobertas, novas emoções...e subitamente tudo são cores. É a vida em technicolor.

Existe em mim um arco-íris (e um buraco negro porque tenho o hábito de sentir demais). Não me considero uma pessoa ambiciosa. Nunca tive maiores objetivos na vida. Descontando, é claro, o eterno desejo de viajar e conhecer lugares distantes. E agora que moro na Europa, nem tão distantes assim (se bem que ando com vontade de ir ao Brasil e conhecer a Nova Zelândia...coisas de sagitariana dupla, hehehe). Hoje em dia meu objetivo é ser feliz. Podem dizer o que quiserem, não me incomoda mais o que os vizinhos irão pensar - e se for sincera, nem nunca me incomodou. Pouco me importam as opiniões dos outros.

Aos trancos e barrancos, aprendi algumas coisas nesta vida (e não foram poucas). E uma das coisas mais importantes que aprendi é que devo ser coerente comigo mesma, apesar de tudo e de todos. Parece simples mas não é. Porque muitas vezes, a minha coerência parece incoerência (ou loucura desvairada) para os desavisados. Mas sabem de uma coisa? Quem sabe de mim sou eu.

Dica de livro: cinema


Ontem não resisti e acabei comprando um livrinho interessante na English Book Shop (até porque o preço era convidativo demais, 4 euros). O livro em questão se chama Movies, A Crash Course (autores: John Naughton e Adam Smith).

Como muita gente já sabe, sou cinéfila de carteirinha e não precisava necessariamente deste livro mas é sempre bom rever conceitos e relembrar filmes...o livro é uma referência básica para leigos, e descreve a história do cinema de maneira clara e resumida: os principais diretores (de Buster Keaton aos irmãos Cohen), as diferentes escolas (neo-realismo, nouvelle vague, etc etc etc) e gêneros de filmes.

Fica a dica pra quem gosta de cinema como eu.

quarta-feira, março 21, 2007

La Vie en Rose (La Môme)

Ontem assisti La Vie en Rose, filme sobre a vida de Edith Piaf, um dos maiores mitos da Chanson Française (minha mãe adorava e certamente teria adorado este filme).

Já aviso que o filme é forte, daqueles que fazem a gente chorar e, como se não bastasse, ainda nos deixam com um nó na garganta...eu mal consegui me levantar da poltrona do cinema no final da exibição (e não fui a única). Uma vida de (muitas) perdas e dificuldades. Mas também muito talento, um diamante bruto, uma estrela de brilho inigualável. Acima de tudo, uma grande mulher (a voz dispensa comentários).

O resto, confiram vocês mesmos! Porque sinceramente, eu não tenho nem palavras pra traduzir tanta emoção...

segunda-feira, março 19, 2007

Lembrete para mim mesma



Tenha sempre um sonho, e tente esquecer os dias nublados e sombrios, mas não se esqueça nunca das horas de sol, nem das tuas noites de estrelas... Esqueça os momentos em que houve derrotas, mas nunca se esqueça das batalhas que já tenha ganho...

Esqueça os erros que não pode evitar, mas não se esqueça das lições que tenha aprendido com eles, e nem o que eles possam ter lhe ensinado... Esqueça os dias em que a tristeza lhe tenha batido em sua porta, mas nunca se esqueça dos sorrisos que tenha encontrado, e nem daqueles que ainda encontrará...

Esqueça os planos que lhe falharam, porém jamais deixe de sonhar.

PS. Recebi este texto de uma amiga do orkut. Eleonora, as sábias palavras ficam registradas aqui, muito obrigada! A tela é do Pierre Bonnard, um dos meus pintores favoritos de todos os tempos.

domingo, março 18, 2007

Posso ficar sozinha?

Tem horas que a gente enche o saco. Porque parece ter sempre alguém se metendo na vida da gente, querendo resolver nossos problemas (ou os problemas que elas acham que temos), querendo dizer o que devemos e não devemos fazer, do que devemos e não devemos gostar, e por ai vai. Como se tivessem este direito. Uma coisa que eu odeio são pessoas que vivem te cutucando, criticando seu estilo de vida. Aí a tentação de dar o troco na mesma moeda (porque também sou humana) é irresistível.

Todo mundo já passou (ou passa) por isso, em maior ou menor grau. A estória é mais ou menos assim: você está solteiro, tem de arrumar namorado, arrumou namorado, perguntam quando sai o casório...casou, quando nasce o bebê, teve o primeiro bebê, quando vem o segundo...separou, quando vai arrumar outro namorado, amante ou sarna pra se coçar. Escrevendo assim parece até exagero, mas eu sei - e vocês também sabem - que não é. Por que será que as pessoas gostam tanto de dar palpite na vida dos outros? (eu tenho até uma certa opinião sobre isso mas juro que não vou escrever aqui.) Live and let live.

Então fica combinado assim: eu adoro ficar sozinha - e não, não estou mentindo. Pode ser uma fase passageira (mais do que merecida depois de 10 anos de casamento punk), mas me dou o direito de ficar no meu canto, fazendo as coisas que eu gosto e curtindo a minha própria companhia. Porque sabem de uma coisa? Eu não tenho medo de mim mesma, nem preciso necessariamente fugir de mim mesma. Até porque, seria impossível...eu estou 24 horas por dia em minha companhia. E eu curto demais ficar sozinha em casa ouvindo música, lendo e assistindo filmes e mais filmes. Escrevendo no meu blog e lendo o blog dos outros. Entre outras coisas. Tudo isso, é claro, quando não estou fazendo minhas traduções, cuidando da casa ou cuidando do meu filho (o que já me toma um tempo considerável).

Tem gente que vive em busca de excitações, novas emoções pra se sentir vivo - eu até entendo, porque também sou um pouco assim (e sou mesmo). Mas hoje eu valorizo, acima de tudo, a solidão e a paz de espírito que conquistei depois de anos de dificuldades. E eu preciso parar pra pensar no que foi e não foi feito (em vez de culpar Deus e o mundo pelos erros que nós cometemos). E acredito que tudo na vida da gente acontece na hora que tem de acontecer. Nem antes, nem depois. Não adianta você forçar a barra e dizer o contrário. A gente pode até dar um empurrãozinho no destino...mas no final das contas, o que será, será!

Entendeu ou quer que eu faça um desenho?!!

Foi o Caio que disse

"Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo. Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas tentativas de aproximação. Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso. A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão."
(Caio Fernando Abreu)

PS. A foto é da cidade onde moro, Amsterdã. O fotógrafo está aqui.

sábado, março 17, 2007

Pelo amor de Deus

Vida de blogueiro não é fácil. Acabei de descobrir um blog de uma garota que escreve bem demais (devia ser presa por isso, é covardia). E eu juro que esta menina-mulher ainda vai publicar um livro - ou pelo menos deveria porque já vi muita gente escrevendo pior ter a cara-de-pau de ser publicado (tem gosto pra tudo neste mundo). A diferença entre escrever por escrever, escrever por necessidade e...escrever de verdade (e ponto final). A gente lê, relê, respira fundo e pensa: isso mesmo, exato, era exatamente isso que eu queria dizer (mas não consegui achar as palavras, pobre mortal que sou). Sim, porque as palavras se rebelaram e fizeram greve dentro da minha cabeça. Sem falar que moro há 13 anos no exterior, cidadã do mundo (auto)exilada que sou. Me desculpa, vai.

Eu tenho o maior respeito (inveja também cabe aqui, é feio mas cabe) por pessoas que conseguem traduzir tão magistralmente em palavras sentimentos e dores universais. Pessoas que conseguem expressar o que ninguém mais consegue expressar...e a nós só resta ler e pensar: como alguém pode (ousa) descrever tão bem meus pensamentos (sentimentos, loucuras, devaneios, etc). O que inevitavelmente me obriga a citar minha musa da Literatura Brasileira, a divina e mediúnica Clarice Lispector. Porque quando leio Clarice eu choro, rio e depois choro mais um pouco. E tenho vontade de morrer e nascer de novo. Pronto, podem me internar!

Mas agora chega de enrolação, deixo com vocês as palavras da Giovana:

que meu jardineiro já aprendeu a cultivar dores sem adubar desnecessariamente o solo castigado, querida. ele sabe das estações do ano e de toda a chuva. esperto, desconfia de dias claros e calmos (destes propícios ao mar).
o mundo é atropelo e
devastidão. o inequívoco é galhofa. certeza? só a nenhuma, sabe qual? ainda assim, sorrisos e cabelo ao vento.
ser um (o) humano, vai ver, é fingir amenidades e ocultar precipícios. e sou um deles (o humano e o precipício). somos, não é, meu bem?
amanhã será quinta, depois virá a sexta, o sábado, o domingo e a segunda e a...tanto faz. o mundo continuará girando as 24 horas que tem enquanto vc, eu e outros desavisados sofreremos pungências imediatas e particulares, quiçá egoístas. o alívio é que somos tantos. nosso choro unido, pequena, encheria mares. quem sabe um dia, ainda desenganada, a parte amputada do teu coração (lacerado pela perda, esta que foi ainda tão agora) encontrará outra que tb vaga pelo limbo dos amores perdidos? e quem sabe assim baterá em compasso duplo novamente? só não se esqueça nesse dia, moça, que haverá (pra vc tb) estes espinhos todos que eu tenho marcados, cravados, afixados no peito, alardeando: aqui jaz um amor que me mentiu eterno. e então...não adube, não plante lembranças fundo demais. passa. tem que passar.


Depois disso, perdi até a vontade de escrever...eu disse que vida de blogueiro não era fácil.

quarta-feira, março 14, 2007

A chegada da primavera

A primavera chegou e eu só tenho uma coisa a dizer: If we had no winter, the spring would not be so pleasant: if we did not sometimes taste of adversity, prosperity would not be so welcome. (Anne Bradstreet, poeta americana).

Nada como um longo inverno pra gente aprender a valorizar ainda mais os primeiros raios de sol de primavera. A verdade é que no Brasil a gente não sabe o que são as Quatro Estações do Ano, pelo menos no Rio é verão o ano inteiro (isso sem falar no nordeste).

Aqui na Holanda, bastam os primeiros raios de sol pra logo bater uma vontade incontrolável de abrir portas e janelas, sair de casa e bater pé pelas ruas da cidade. Sentar nos cafés - marca registrada da cidade, com mesas nas calçadas disputadas
à tapa na alta temporada - e tomar uma cerveja gelada (e, de preferência, belga). Melhor ainda se for na companhia de uma boa amiga, como fiz hoje com a Anna. Sol, cerveja e um bom bate-papo pra gente não perder as raízes neste país de ventos e moinhos.

Viva a primavera - no sentido literal e figurado da palavra, diga-se de passagem!

terça-feira, março 13, 2007

Love for Sale

Uma amiga blogueira me fez refletir sobre esse fenômeno da vida moderna que são os amores virtuais no séc. XXI. Se formos pensar bem, é um marco histórico o que vem acontecendo nos últimos anos. Cada vez mais pessoas se conhecem, se encontram e se casam ou vão morar juntos com a ajuda deste primor tecnológico. Algo que nunca se poderia imaginar meros 20 anos atrás (sem falar que há menos de 10 anos atrás esse tipo de relação ainda era tabu).

Estamos vivendo uma mudança radical no padrão das relações humanas, e não é qualquer um que consegue acompanhar a velocidade dessas relações - porque elas inegavelmente têm outra velocidade, se é que alguém ainda não percebeu isso! A verdade é que, com a velocidade dos e-mails e instant messages do MSN, várias etapas hoje são queimadas de uma vez só (e eu nem vou mais citar o orkut, porque isso todo mundo já sabe). Resultado: em poucas semanas, as pessoas criam uma intimidade que em outros tempos demoraria meses, ou até mesmo anos. Com todas as vantagens e desvantagens decorrentes, fiquem atentos!

Fato é que, atualmente, sites de namoro são mais regra do que exceção. E aqui na Holanda, temos uma vantagem a mais...na maioria das vezes, os homens são diretos e você logo fica sabendo o que eles querem: sexo, casamento e filhos (e não são poucos), amizade ou relacionamento sério. Cá entre nós, por si só um grande avanço, ainda mais se formos comparar com o homem brasileiro (o que aliás daria muito pano pra manga).

Eu admito que não tenho experiência em amores cibernéticos mas já fiz amizades valiosas através da net e portanto, acredito que as possibilidades estejam aí...e que as pessoas podem ou não tirar proveito delas, ao gosto do cliente. Tempos atrás, eu mesma fui na onda de uma amiga e me inscrevi em um desses sites de namoro. Mas não fiquei 1 semana pois logo percebi que ainda não estou preparada para esta etapa assustadora. Porque convenhamos, é impressionante a velocidade com que as pessoas se encontram, se juntam e se separam na net. Haja coração...

domingo, março 11, 2007

Domingo no parque


Domingo de sol, promessa de primavera no ar (depois de um longo e tenebroso inverno) e Amsterdam foi em massa para as ruas. Eu e Liam não pensamos duas vezes e fomos pro zoológico da cidade. Só vou dizer uma coisa: não tem programa melhor para um menino de 6 anos apaixonado por bichos! Cada vez é uma nova descoberta, além dos números clássicos (girafas, elefantes, zebras, leões, etc.), os adoráveis e brincalhões leões-marinhos, uma galeria de macacos de dar inveja a muito zoológico (tem até o nosso mico-leão-dourado), bichos recém-nascidos, aquarium, planetarium, área de recreação...além de sorvete, pipoca e tudo mais que faz uma criança feliz.

Mas hoje a atração foram os castores (beaver em inglês) brincando e nadando de um lado pro outro. E ainda tivemos a sorte de pegar a hora da refeição, um show à parte. No grupo de cerca de 25 castores, vimos cinco pequenininhos (menores do que um porquinho-da-índia). Eu e Liam ficamos apaixonados pelos bichinhos - e da outra vez nem sequer os vimos, cada visita uma nova descoberta (da última vez o espetáculo foi o Jardim das Borboletas).

Tarde de sol, bicharada, diversão garantida. E eu, claro, não fui embora sem antes fazer minha tradicional visita aos meus favoritos: os guaxinins (racoon em inglês). Mas hoje os castores roubaram o show: não sobrou pra ninguém!

quinta-feira, março 08, 2007

Dia da mulher

Eu não poderia deixar este dia passar em branco. Embora acredite que dia da mulher deveria ser mesmo é todos os dias, 365 dias por ano! Porque convenhamos: ser mulher é, e continua sendo, um desafio em nossa sociedade moderna. As exigências do mundo lá fora (e frequentemente dentro de nós mesmas) podem ser sufocantes. Por isso, a mulher deve antes de mais nada saber quem ela é e o que ela deseja da vida (e não o que os outros acham que ela é ou desejam para a vida dela). Sem esta percepção de si mesma, não dá pra aguentar o tranco. E mais cedo ou mais tarde, você é engolida...

Por falar em percepção de si mesma, uma das campanhas publicitárias que mais despertou a atenção este ano foi a Campanha pela Real Beleza da Dove. Porque já era mais do que tempo de parar e refletir o que a mídia e as top models (sem falar em Hollywood e nas novelas da Globo) fizeram e continuam fazendo com a auto-estima de mulheres de todas as idades, em toda parte do mundo. Sim, porque com o padrão de beleza vigente de mulheres (cada dia mais) magérrimas e super produzidas em revistas e outdoors, não sobra mesmo pra ninguém. Quer um consolo, assista o vídeo Evolution (selecione Campaign for Real Beauty à esquerda para abrir a janela e exibir o filme).

No dia de hoje (e em todos os outros dias), eu só queria dizer o seguinte: seja você mesma e seja feliz. Aceite suas limitações, cultive suas qualidades e faça as pazes com seus defeitos (porque ninguém é perfeito). Não deixe que alguém lá fora decida o que é a felicidade pra você - crie seus próprios critérios e seja feliz.

E no final das contas, a embalagem pode ser importante, mas o conteúdo é essencial. Quem gostaria de receber uma enorme caixa embrulhada com papel especial e cheia de fitas pra depois abrir e descobrir que não tem nada dentro...Tantas mulheres obcecadas em cuidar do seu exterior (a embalagem), maquiagem, dietas, tinturas de cabelo, cremes mil etc. Mas será que se lembram de dedicar o mesmo tempo e esforços para cuidar de sua beleza interior (o conteúdo) - aquela que é mais importante em todo relacionamento humano que vale a pena.

quarta-feira, março 07, 2007

Mãe coruja

Apesar de todas as dificuldades na escola, Liam está aprendendo a ler cada dia melhor. E eu tenho ajudado ele quase que diariamente nesta tarefa. Porque se dependesse só da escola, a coisa ia ficar complicada.

Como sou mesmo apaixonada pela leitura desde pequenininha - desde que aprendi a ler nunca mais parei - decidi dar uma ajuda extra em casa (e a professora falou que, no caso dele, este extra fez toda a diferença). A verdade é que o Liam sempre teve livros em casa, desde bebê (quando só sabia babar e rasgar as páginas, hehehe) . Hoje em dia, ele adora folhear livros sobre seus temas favoritos: trens, aviões, dinossauros, baleias e todo tipo de animal (inclusive aranhas e outros insetos, claro). E cá entre nós, livro é o que não falta aqui em casa!

Nas últimas semanas já lemos juntos três livrinhos. Ele lê frase a frase em voz alta para mim, todo orgulhoso (e eu mais ainda). Como já comentei por aqui antes, Liam tem tido muitos problemas na classe de alfabetização. E vai mesmo mudar de escola depois das férias de verão daqui (em agosto). Mas isso é assunto para outro post, talvez...

O que eu sei é que comemoro cada etapa vencida (com direito a presentinhos e tudo). Não há nada mais prazeiroso para uma mãe do que ver as conquistas de seu filho, dia após dia, mês após mês, ano após ano. Meu bebê já completa 7 anos mês que vem!

A amizade, mais uma vez

Ontem me encontrei com duas amigas especiais, Adriane e Bebete. Duas pessoas com quem eu posso ser eu mesma (parece óbvio mas não é, acreditem). É bom poder falar sem me preocupar em ser criticada ou mal-interpretada. É bom poder falar sem precisar ficar me explicando o tempo todo - ou pior ainda, me desculpando. E é bom falar e saber que você está sendo ouvida. E aprender a ouvir (porque quem gosta de falar, precisa aprender a ouvir)!!! Estes encontros fazem bem à alma da gente, pena que não sejam mais frequentes neste país onde todos vivem correndo (até hoje não entendi exatamente atrás do quê).

De uns tempos pra cá, tomei uma grande decisão na minha vida: prometi a mim mesma só buscar a companhia de quem quer estar comigo. Mendigar amizade nunca mais, no thanks! (fiz uma vez e confesso que nunca me senti tão mal em toda minha vida). Amizade não se mendiga, ou é ou não é. OK, já falei sobre isso antes por aqui (just a reminder for myself, sorry)...Definitivamente não recomendo. Mas coração é bicho esquisito e de vez em quando apronta dessas coisas (o importante é estar alerta e aprender com os erros, hoje e sempre).

Palavras-chave: amar a si mesmo, respeito próprio, limites.

segunda-feira, março 05, 2007

Leitura inspiradora

Fuxicando sábado no meu sebo favorito, me caiu nas mãos o livro Everyday Karma, de Carmen Harra. Provavelmente o que eu precisava ler neste período de transição na minha vida. Verdade seja dita, apesar de tudo e de todos, sempre acreditei que as coisas acontecem por alguma razão. Sempre acreditei que as coisas acontecem na hora em que têm de acontecer. E que enquanto a gente não aprender a lição que viemos aprender, situações e problemas se repetirão indefinidamente em nossas vidas. As simple as that (OK, not simple at all).

O livro nos ensina a criar o futuro que queremos para nós, hoje. E, no final das contas, o universo conspira em nosso favor. Entre outras coisas, a autora nos ensina a decifrar nosso código espiritual (de onde viemos e para onde vamos), a lidar com nossas ações (karma) no dia-a-dia e a reconhecer e resolver nossos karmas do passado - aqueles acumulados por nós em nossos relacionamentos e famílias.

Além disso, ela lista as Leis Universais, dentre as quais:
1. A Lei do Karma: criamos karma através de nossas intenções, pensamentos, palavras e atos.
2. A Lei da Sabedoria: é importante distinguirmos entre o que pode e o que não pode ser mudado. O sofrimento nos torna mais fortes e sábios.
3. A Lei da Evolução: a única forma de adquirirmos sabedoria, é evoluindo sempre.
4. A Lei da Energia Vibracional: somos energia em movimento, tudo se transforma o tempo todo.
5. A Lei da Abundância: o universo foi criado para nos trazer abundância. ele conspira em nosso favor para realizar nossos desejos sinceros.
6. A Lei da Ordem Divina: existe um plano divino no universo, tudo acontece por uma razão.
7. A Lei da Gratidão: devemos aprender a ser gratos pelo que temos, pelas coisas pequenas e grandes em nossas vidas em vez de sempre querermos mais.
8. A Lei da Manifestação: nossa realidade é um reflexo de nossos pensamentos.
9. A Lei do Desapego: Estamos apenas de passagem pela Terra e não devemos nos apegar demais às coisas e pessoas.
10. A Lei da Aceitação: Não tente mudar o que não pode ser mudado, aceite simplesmente.

Em suma, uma leitura inspiradora e altamente recomendada. A má notícia é que o livro não foi traduzido para o português...quem puder ler em inglês, leia!


domingo, março 04, 2007

Sozinhos venceremos

Quem nunca ouviu a frase de guerra Unidos venceremos? Hoje liguei para uma amiga com quem não falava há mais de 6 meses, colocamos o papo em dia e depois de nossa conversa, tive inevitavelmente mais um de meus insights. A gente pode até fingir que não (e em alguns dias isso até funciona), mas aqui na Holanda estamos sozinhos. Cada um por si e Deus por todos. Cada um cuidando do que é seu: sua família, sua casa, seu emprego. E já é muita coisa.

Todos com suas vidas atribuladas, agendas cheias de compromissos, tentando exaustivamente conciliar três vidas em uma: 1. trabalho, 2. casa e 3. lazer. Ou ainda: trabalhar, ser mãe, esposa, dona-de-casa, amiga etc. E ainda arrumar tempo pra cuidar de si mesma porque senão tudo desmorona ao seu redor. Não, não é pouca coisa e a maioria não consegue dar conta do recado - o que é mais do que compreensível, eu também não consegui.

Até que um dia a gente acorda e decide priorizar a vida. Por mera questão de sobrevivência. Aprendemos a escolher nossas batalhas, a dar importância às coisas e pessoas que realmente importam e deixar o resto pra lá. Aprendemos a viver no presente, um dia de cada vez. E tentamos nos reconciliar com nosso passado (que não pode mais ser mudado) e não temer o futuro (que ainda podemos mudar, pois ele depende do que fazemos com nosso presente hoje).

Talvez seja ilusão minha achar que este seja um fenômeno tipicamente holandês em uma sociedade marcada pelo individualismo. Talvez meus amigos do Brasil (principalmente aqueles nas grandes capitais como Rio e São Paulo) me convençam de que lá a vida também é assim. Talvez não. Só sei que com o passar dos anos, cada um aprende a se virar sozinho. Sozinhos venceremos.

Sessão de cinema: Babel

Ontem finalmente assisti o tão comentado e premiado Babel (2006) do diretor mexicano Alejandro González Iñárritu, que também dirigiu Amores Perros (2000) e 21 Gramas (2003). O filme é excelente e consegue transportar o espectador e confrontá-lo com os temas mais importantes da atualidade: imigrantes ilegais, terrorismo, racismo e acima de tudo a crônica dificuldade de comunicação do ser humano - seja entre membros de uma mesma família, de um mesmo país ou na relação entre os países (o que inevitavelmente gera conflitos pessoais, familiares e internacionais).

O filme alterna magistralmente cenas em três diferentes partes do planeta: Marrocos, México e Tóquio (com algumas cenas nos EUA, que não chegam exatamente a ser importantes para o plot). Os personagens não podiam ser mais diferentes, mas por obra do destino (e de um diretor excepcional) estão interligados entre si ao longo de toda a narrativa. Um casal americano em crise que se encontra em uma situação ainda mais crítica durante uma excursão às montanhas do Marrocos. As crianças do casal, deixadas nos EUA com a babá mexicana que comete o erro (santa ingenuidade) de levá-las para o México para o casamento de seu filho...uma decisão da qual irá se arrepender mais tarde (qualquer brasileiro que já passou por um controle de passaporte ao viajar no exterior provavelmente se identificará em maior ou menor grau com essas cenas). Uma família pobre no Marrocos, onde os dois filhos são presenteados pelo pai com uma arma de fogo para proteger o rebanho e acabam sem querer criando um inusitado conflito internacional e a histeria da mídia internacional (e acima de tudo, americana). Uma adolescente surda e muda em Tóquio, que perdeu a mãe de forma trágica e que luta para encontrar seu lugar no mundo. Diga-se de passagen, as cenas de Tóquio são as mais divertidas do filme, e mostram o mundo dos adolescentes nesta parte do planeta. As cenas da danceteria são uma das mais fantásticas que presenciei no cinema nos últimos tempos (dá vontade de dançar na poltrona do cinema).

Em suma, se você ainda não assistiu, assista! Babel é, sem dúvida, uns dos melhores filmes a chegar às telas de cinema nos últimos tempos. Food for thought, to say the least.

quinta-feira, março 01, 2007

Bunny eats cookie
















Acabei de achar uma foto em um site com dois favoritos: bunnies and cookies!!! Que fofura! Depois dos gatos, os coelhos são meus bichos de estimação favoritos. Tenho um aqui em casa de orelhas caídas e muito fofo, igualzinho o da foto à direita (só que o meu coelho não costuma usar o computador aqui de casa, rsrsrs). O site é ótimo pra quem, como eu, gosta de bichos fazendo todo tipo de travessura: www.cuteoverload.com

Mania de blog

Depois do Orkut - que já rendeu o que tinha de render para muitos - admito que o blog é meu mais novo vício (se é que alguém ainda não percebeu isso)! Ainda mais agora que finalmente aprendi a editar o modelo do Blogger pra incluir links e marcadores. Blog é um negócio que rende: a gente sempre aprende algo de novo! Agora só falta escrever um livro, hehehe.

O que me faz lembrar o que li certa vez, que para nos sentirmos realizados na vida, a gente deve fazer ao menos uma destas três coisas (e de preferência as três, embora seja uma missão quase impossível) 1. plantar uma árvore, 2. ter um filho (adotar também vale), 3. escrever um livro. Bem, o filho eu já tive e desconfio até que seja a tarefa mais díficil da lista. Só falta agora plantar uma árvore e escrever um livro, rsrsrs.
Tecnologia do Blogger.

Pra quem gosta de um bom thriller

Já que os dias andam mesmo estranhos, decidi comentar aqui sobre alguns filmes que tenho pego na locadora nos últimos tempos. Pra quem gosta de filmes como O Sexto Sentido, tenho algumas dicas talvez interessantes.

A começar pelo filme Lady in the Water (2006) de M. Night Shyamalan, o mesmo diretor do Sexto Sentido. Ainda do mesmo diretor e não menos intrigante: The Village (2004). Só não vou falar mais nada pra não estragar o suspense!

Outro filme que vale a pena conferir é The Gathering (2002), que assisti ontem à noite. O filme é com a Christina Ricci, que ficou famosa com aquele papel da menininha gótica da Família Adams, entre tantos outros. O roteiro é complexo e provavelmente eu precisaria de um post somente para comentar este filme (ou qualquer um dos outros citados acima, diga-se de passagem). Portanto, confira você mesmo!

E já que estou falando de thrillers, um mais antigo que não poderia deixar de incluir nesta lista é The Others (2001), dirigido por Alejandro Amenábar e com excelente atuação de Nicole Kidman. E por falar em Nicole Kidman, outro que vale a pena conferir é Birth (2004), talvez não tão bom quanto os anteriores, mas um filme no mínimo curioso.

Se eu lembrar de mais alguns filmes deste estilo, escrevo depois!

Dias estranhos

Ando reflexiva, como se uma mudança estivesse prestes a acontecer dentro de mim mesma. Mas ainda não encontrei palavras pra (me) descrever. Perplexa, observo quieta e tento decifrar meus pensamentos e entender para onde eles querem me levar. Acontece quando alguém faz ou diz algo e desencadeia sem querer emoções antigas, de outros relacionamentos e outras ilusões. Quando nos vemos novamente em uma situação de aprendizado (nós que ingenuamente pensávamos já ter aprendido a lição). Quando temos a desagradável sensação de estar andando em círculos. Nessas horas me transformo em uma pergunta. Temporariamente em busca de uma resposta.

São pequenos acontecimentos cotidianos (uma palavra mal-colocada, um ato descuidado, um comentário fora de hora) que passam despercebidos pela maioria e que fazem com que a gente mude - de idéia, de sentimento, de ilusão. Pequenos acontecimentos que mudam o rumo das relações. Que mudam nossa maneira de ver os outros e nós mesmos. Pensando bem: como assim pequenos?

Hoje estou cansada. Cansada das relações humanas. Ou talvez devesse dizer: cansada dos papéis que as pessoas insistem em viver. Das inúmeras máscaras que as pessoas insistem em vestir. O mais surpreendente é que elas acreditam ser mesmo aquilo que criaram. Mas a essência, lá dentro delas, é bem outra. Eu não quero viver papéis - embora isso talvez seja mais uma ilusão que insisto em manter. Porque na vida precisamos de papéis para sobreviver. Quer a gente queira ou não. Sei lá, cansei...

Como é que se escreve?

Quando não estou escrevendo, eu simplesmente não sei como se escreve. E se não soasse infantil e falsa a pergunta das mais sinceras, eu escolheria um amigo escritor e lhe perguntaria: como é que se escreve?

Por que, realmente, como é que se escreve? que é que se diz? e como dizer? e como é que se começa? e que é que se faz com o papel em branco nos defrontando tranquilo?

Sei que a resposta, por mais que intrigue, é a única: escrevendo. Sou a pessoa que mais se surpreende de escrever. E ainda não me habituei a que me chamem de escritora. Porque, fora das horas em que escrevo, não sei absolutamente escrever. Será que escrever não é um ofício? Não há aprendizagem, então? O que é? Só me considerarei escritora no dia em que eu disser: sei como se escreve.

(crônica de Clarice Lispector em A Descoberta do Mundo)

Clarice Lispector


O nome por si só já me traz sensações boas...e acima de tudo, inexplicáveis. Clarice foi e continua sendo minha maior fonte de inspiração e felicidade. Lá pelos meus 20 anos, já tinha lido vários romances consagrados da autora, como A Paixão Segundo G.H., Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres e Água Viva...livros que marcaram para sempre a Literatura Brasileira - e a minha vida. Volta e meia ouço gente dizer que não é leitura das mais fáceis. E provavelmente não é mesmo. Mas eu sempre li Clarice em estado de transe, absorvida por cada palavra, cada frase. Porque Clarice não é para ser entendida, é para ser sentida (e provavelmente todos seus fãs concordarão comigo neste ponto).

Ao voltar ao Brasil pela segunda vez, já morando na Holanda e com planos de me instalar por aqui (e cá estou eu, 13 anos depois), tive de tomar uma das decisões mais difíceis da minha vida: que livros levar para a Holanda e que livros deixar para trás. Os que ficaram foram vendidos por meu pai (depois da morte de minha mãe porque era ela a guardiã dos meus livros) para sebos do Rio. É que meu pai nunca entendeu o valor dos livros - eu aprendi a gostar de ler com a minha mãe - e como precisava de dinheiro, não pensou duas vezes...Resultado: lá se foram livros e mais livros, dentre eles muitas edições esgotadas. Nem a minha coleção de capa dura do Monteiro Lobato escapou. Sinto o coração apertado só de pensar. Porque foram autores que marcaram minha adolescência e juventude e, em grande parte, me fizeram ser o que sou hoje.

Felizmente consegui salvar dois autores essenciais, Clarice Lispector e Caio Fernando Abreu. Não poderia imaginar a minha vida sem eles. Tenho aqui nas prateleiras livros já esgotados há tempos no Brasil - verdadeiras pérolas da literatura brasileira (e porque não dizer, universal).

Para quem ainda não descobriu o mundo de Clarice, eu recomendo cautela. E sugeriria começar com o livro de contos A Felicidade Clandestina, o romance A Hora da Estrela (ou A Aprendizagem para os mais ousados) e a coletânea de crônicas publicadas em jornais: A Descoberta do Mundo.

Será mesmo ?

Será mesmo que a gente aprende com nossos erros? Ou será que a gente erra, erra e erra mais uma vez até aprender? Hoje eu estava pensando no Caminho do Meio, aquele que muitos de nós passamos grande parte da vida procurando. Não é fácil encontrar a medida certa na vida e nos relacionamentos. Não é fácil tomar a decisão certa no momento certo (sem falar que para alguns o momento certo nunca chega). E nem sempre isso é possível. O que é possível é tomar a decisão certa para aquele dado momento de nossas vidas. E acredito (ou pelo menos, tento acreditar) que a gente sempre tenta fazer o melhor possível em cada situação.

Uma coisa que me surpreende, no entanto, é ver como o ser humano tem dificuldade em distinguir entre ajudar uma pessoa e criticar uma pessoa. Eu mesma confesso que sempre tive problemas com isso. Pra começar porque acredito que as pessoas possam ajudar umas às outras até certo ponto. E daquele ponto em diante, cada um decide o que quer ou não fazer com a sua vida (lembram do velho ditado? se conselho fosse bom não se dava, se vendia). Também acho que antes de dar um conselho, devemos tentar nos colocar no lugar do outro. Devemos nos esforçar para ver as coisas sob sua perspectiva - o que convenhamos, não é tarefa das mais simples. Porque muitas vezes, quem está precisando de conselho somos nós mesmos! Afinal de contas, é sempre mais fácil resolver os problemas dos outros. Haja bom-senso. E haja sabedoria.

De resto, vamos aprendendo...cada um a seu tempo e à sua maneira. Muitos erros e acertos, escolhas quase que diárias - algumas das quais iremos nos arrepender mais adiante ao vermos que não eram tão boas quanto havíamos imaginado. O importante é seguir em frente e lembrar que foi a melhor escolha naquele momento. E de preferência, seguir em frente sem remorso e sem sentimento de culpa.

Não sei se estou sendo clara, ando me sentindo meio esquisita...Mas acho que o que eu queria mesmo dizer é que o melhor para uma pessoa não é necessariamente o melhor para outra. E ao darmos conselhos, muitas vezes partimos do pressuposto do que é bom para nós mesmos. Pronto: está armada a confusão!

A vida em technicolor


A vida tem dessas coisas. Tem fases em que os dias parecem se escoar vagarosamente, sem dó nem piedade...aquela sensação irritante de entra-dia-sai-dia tudo igual, tudo assim meio preto-e-branco (ou será que nós é que ficamos temporariamente daltônicos?). Outras épocas, vislumbramos os detalhes nas paisagens, vemos os detalhes no todo. Novos ângulos, novas descobertas, novas emoções...e subitamente tudo são cores. É a vida em technicolor.

Existe em mim um arco-íris (e um buraco negro porque tenho o hábito de sentir demais). Não me considero uma pessoa ambiciosa. Nunca tive maiores objetivos na vida. Descontando, é claro, o eterno desejo de viajar e conhecer lugares distantes. E agora que moro na Europa, nem tão distantes assim (se bem que ando com vontade de ir ao Brasil e conhecer a Nova Zelândia...coisas de sagitariana dupla, hehehe). Hoje em dia meu objetivo é ser feliz. Podem dizer o que quiserem, não me incomoda mais o que os vizinhos irão pensar - e se for sincera, nem nunca me incomodou. Pouco me importam as opiniões dos outros.

Aos trancos e barrancos, aprendi algumas coisas nesta vida (e não foram poucas). E uma das coisas mais importantes que aprendi é que devo ser coerente comigo mesma, apesar de tudo e de todos. Parece simples mas não é. Porque muitas vezes, a minha coerência parece incoerência (ou loucura desvairada) para os desavisados. Mas sabem de uma coisa? Quem sabe de mim sou eu.

Dica de livro: cinema


Ontem não resisti e acabei comprando um livrinho interessante na English Book Shop (até porque o preço era convidativo demais, 4 euros). O livro em questão se chama Movies, A Crash Course (autores: John Naughton e Adam Smith).

Como muita gente já sabe, sou cinéfila de carteirinha e não precisava necessariamente deste livro mas é sempre bom rever conceitos e relembrar filmes...o livro é uma referência básica para leigos, e descreve a história do cinema de maneira clara e resumida: os principais diretores (de Buster Keaton aos irmãos Cohen), as diferentes escolas (neo-realismo, nouvelle vague, etc etc etc) e gêneros de filmes.

Fica a dica pra quem gosta de cinema como eu.

La Vie en Rose (La Môme)

Ontem assisti La Vie en Rose, filme sobre a vida de Edith Piaf, um dos maiores mitos da Chanson Française (minha mãe adorava e certamente teria adorado este filme).

Já aviso que o filme é forte, daqueles que fazem a gente chorar e, como se não bastasse, ainda nos deixam com um nó na garganta...eu mal consegui me levantar da poltrona do cinema no final da exibição (e não fui a única). Uma vida de (muitas) perdas e dificuldades. Mas também muito talento, um diamante bruto, uma estrela de brilho inigualável. Acima de tudo, uma grande mulher (a voz dispensa comentários).

O resto, confiram vocês mesmos! Porque sinceramente, eu não tenho nem palavras pra traduzir tanta emoção...

Lembrete para mim mesma



Tenha sempre um sonho, e tente esquecer os dias nublados e sombrios, mas não se esqueça nunca das horas de sol, nem das tuas noites de estrelas... Esqueça os momentos em que houve derrotas, mas nunca se esqueça das batalhas que já tenha ganho...

Esqueça os erros que não pode evitar, mas não se esqueça das lições que tenha aprendido com eles, e nem o que eles possam ter lhe ensinado... Esqueça os dias em que a tristeza lhe tenha batido em sua porta, mas nunca se esqueça dos sorrisos que tenha encontrado, e nem daqueles que ainda encontrará...

Esqueça os planos que lhe falharam, porém jamais deixe de sonhar.

PS. Recebi este texto de uma amiga do orkut. Eleonora, as sábias palavras ficam registradas aqui, muito obrigada! A tela é do Pierre Bonnard, um dos meus pintores favoritos de todos os tempos.

Posso ficar sozinha?

Tem horas que a gente enche o saco. Porque parece ter sempre alguém se metendo na vida da gente, querendo resolver nossos problemas (ou os problemas que elas acham que temos), querendo dizer o que devemos e não devemos fazer, do que devemos e não devemos gostar, e por ai vai. Como se tivessem este direito. Uma coisa que eu odeio são pessoas que vivem te cutucando, criticando seu estilo de vida. Aí a tentação de dar o troco na mesma moeda (porque também sou humana) é irresistível.

Todo mundo já passou (ou passa) por isso, em maior ou menor grau. A estória é mais ou menos assim: você está solteiro, tem de arrumar namorado, arrumou namorado, perguntam quando sai o casório...casou, quando nasce o bebê, teve o primeiro bebê, quando vem o segundo...separou, quando vai arrumar outro namorado, amante ou sarna pra se coçar. Escrevendo assim parece até exagero, mas eu sei - e vocês também sabem - que não é. Por que será que as pessoas gostam tanto de dar palpite na vida dos outros? (eu tenho até uma certa opinião sobre isso mas juro que não vou escrever aqui.) Live and let live.

Então fica combinado assim: eu adoro ficar sozinha - e não, não estou mentindo. Pode ser uma fase passageira (mais do que merecida depois de 10 anos de casamento punk), mas me dou o direito de ficar no meu canto, fazendo as coisas que eu gosto e curtindo a minha própria companhia. Porque sabem de uma coisa? Eu não tenho medo de mim mesma, nem preciso necessariamente fugir de mim mesma. Até porque, seria impossível...eu estou 24 horas por dia em minha companhia. E eu curto demais ficar sozinha em casa ouvindo música, lendo e assistindo filmes e mais filmes. Escrevendo no meu blog e lendo o blog dos outros. Entre outras coisas. Tudo isso, é claro, quando não estou fazendo minhas traduções, cuidando da casa ou cuidando do meu filho (o que já me toma um tempo considerável).

Tem gente que vive em busca de excitações, novas emoções pra se sentir vivo - eu até entendo, porque também sou um pouco assim (e sou mesmo). Mas hoje eu valorizo, acima de tudo, a solidão e a paz de espírito que conquistei depois de anos de dificuldades. E eu preciso parar pra pensar no que foi e não foi feito (em vez de culpar Deus e o mundo pelos erros que nós cometemos). E acredito que tudo na vida da gente acontece na hora que tem de acontecer. Nem antes, nem depois. Não adianta você forçar a barra e dizer o contrário. A gente pode até dar um empurrãozinho no destino...mas no final das contas, o que será, será!

Entendeu ou quer que eu faça um desenho?!!

Foi o Caio que disse

"Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo. Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas tentativas de aproximação. Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso. A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão."
(Caio Fernando Abreu)

PS. A foto é da cidade onde moro, Amsterdã. O fotógrafo está aqui.

Pelo amor de Deus

Vida de blogueiro não é fácil. Acabei de descobrir um blog de uma garota que escreve bem demais (devia ser presa por isso, é covardia). E eu juro que esta menina-mulher ainda vai publicar um livro - ou pelo menos deveria porque já vi muita gente escrevendo pior ter a cara-de-pau de ser publicado (tem gosto pra tudo neste mundo). A diferença entre escrever por escrever, escrever por necessidade e...escrever de verdade (e ponto final). A gente lê, relê, respira fundo e pensa: isso mesmo, exato, era exatamente isso que eu queria dizer (mas não consegui achar as palavras, pobre mortal que sou). Sim, porque as palavras se rebelaram e fizeram greve dentro da minha cabeça. Sem falar que moro há 13 anos no exterior, cidadã do mundo (auto)exilada que sou. Me desculpa, vai.

Eu tenho o maior respeito (inveja também cabe aqui, é feio mas cabe) por pessoas que conseguem traduzir tão magistralmente em palavras sentimentos e dores universais. Pessoas que conseguem expressar o que ninguém mais consegue expressar...e a nós só resta ler e pensar: como alguém pode (ousa) descrever tão bem meus pensamentos (sentimentos, loucuras, devaneios, etc). O que inevitavelmente me obriga a citar minha musa da Literatura Brasileira, a divina e mediúnica Clarice Lispector. Porque quando leio Clarice eu choro, rio e depois choro mais um pouco. E tenho vontade de morrer e nascer de novo. Pronto, podem me internar!

Mas agora chega de enrolação, deixo com vocês as palavras da Giovana:

que meu jardineiro já aprendeu a cultivar dores sem adubar desnecessariamente o solo castigado, querida. ele sabe das estações do ano e de toda a chuva. esperto, desconfia de dias claros e calmos (destes propícios ao mar).
o mundo é atropelo e
devastidão. o inequívoco é galhofa. certeza? só a nenhuma, sabe qual? ainda assim, sorrisos e cabelo ao vento.
ser um (o) humano, vai ver, é fingir amenidades e ocultar precipícios. e sou um deles (o humano e o precipício). somos, não é, meu bem?
amanhã será quinta, depois virá a sexta, o sábado, o domingo e a segunda e a...tanto faz. o mundo continuará girando as 24 horas que tem enquanto vc, eu e outros desavisados sofreremos pungências imediatas e particulares, quiçá egoístas. o alívio é que somos tantos. nosso choro unido, pequena, encheria mares. quem sabe um dia, ainda desenganada, a parte amputada do teu coração (lacerado pela perda, esta que foi ainda tão agora) encontrará outra que tb vaga pelo limbo dos amores perdidos? e quem sabe assim baterá em compasso duplo novamente? só não se esqueça nesse dia, moça, que haverá (pra vc tb) estes espinhos todos que eu tenho marcados, cravados, afixados no peito, alardeando: aqui jaz um amor que me mentiu eterno. e então...não adube, não plante lembranças fundo demais. passa. tem que passar.


Depois disso, perdi até a vontade de escrever...eu disse que vida de blogueiro não era fácil.

A chegada da primavera

A primavera chegou e eu só tenho uma coisa a dizer: If we had no winter, the spring would not be so pleasant: if we did not sometimes taste of adversity, prosperity would not be so welcome. (Anne Bradstreet, poeta americana).

Nada como um longo inverno pra gente aprender a valorizar ainda mais os primeiros raios de sol de primavera. A verdade é que no Brasil a gente não sabe o que são as Quatro Estações do Ano, pelo menos no Rio é verão o ano inteiro (isso sem falar no nordeste).

Aqui na Holanda, bastam os primeiros raios de sol pra logo bater uma vontade incontrolável de abrir portas e janelas, sair de casa e bater pé pelas ruas da cidade. Sentar nos cafés - marca registrada da cidade, com mesas nas calçadas disputadas
à tapa na alta temporada - e tomar uma cerveja gelada (e, de preferência, belga). Melhor ainda se for na companhia de uma boa amiga, como fiz hoje com a Anna. Sol, cerveja e um bom bate-papo pra gente não perder as raízes neste país de ventos e moinhos.

Viva a primavera - no sentido literal e figurado da palavra, diga-se de passagem!

Love for Sale

Uma amiga blogueira me fez refletir sobre esse fenômeno da vida moderna que são os amores virtuais no séc. XXI. Se formos pensar bem, é um marco histórico o que vem acontecendo nos últimos anos. Cada vez mais pessoas se conhecem, se encontram e se casam ou vão morar juntos com a ajuda deste primor tecnológico. Algo que nunca se poderia imaginar meros 20 anos atrás (sem falar que há menos de 10 anos atrás esse tipo de relação ainda era tabu).

Estamos vivendo uma mudança radical no padrão das relações humanas, e não é qualquer um que consegue acompanhar a velocidade dessas relações - porque elas inegavelmente têm outra velocidade, se é que alguém ainda não percebeu isso! A verdade é que, com a velocidade dos e-mails e instant messages do MSN, várias etapas hoje são queimadas de uma vez só (e eu nem vou mais citar o orkut, porque isso todo mundo já sabe). Resultado: em poucas semanas, as pessoas criam uma intimidade que em outros tempos demoraria meses, ou até mesmo anos. Com todas as vantagens e desvantagens decorrentes, fiquem atentos!

Fato é que, atualmente, sites de namoro são mais regra do que exceção. E aqui na Holanda, temos uma vantagem a mais...na maioria das vezes, os homens são diretos e você logo fica sabendo o que eles querem: sexo, casamento e filhos (e não são poucos), amizade ou relacionamento sério. Cá entre nós, por si só um grande avanço, ainda mais se formos comparar com o homem brasileiro (o que aliás daria muito pano pra manga).

Eu admito que não tenho experiência em amores cibernéticos mas já fiz amizades valiosas através da net e portanto, acredito que as possibilidades estejam aí...e que as pessoas podem ou não tirar proveito delas, ao gosto do cliente. Tempos atrás, eu mesma fui na onda de uma amiga e me inscrevi em um desses sites de namoro. Mas não fiquei 1 semana pois logo percebi que ainda não estou preparada para esta etapa assustadora. Porque convenhamos, é impressionante a velocidade com que as pessoas se encontram, se juntam e se separam na net. Haja coração...

Domingo no parque


Domingo de sol, promessa de primavera no ar (depois de um longo e tenebroso inverno) e Amsterdam foi em massa para as ruas. Eu e Liam não pensamos duas vezes e fomos pro zoológico da cidade. Só vou dizer uma coisa: não tem programa melhor para um menino de 6 anos apaixonado por bichos! Cada vez é uma nova descoberta, além dos números clássicos (girafas, elefantes, zebras, leões, etc.), os adoráveis e brincalhões leões-marinhos, uma galeria de macacos de dar inveja a muito zoológico (tem até o nosso mico-leão-dourado), bichos recém-nascidos, aquarium, planetarium, área de recreação...além de sorvete, pipoca e tudo mais que faz uma criança feliz.

Mas hoje a atração foram os castores (beaver em inglês) brincando e nadando de um lado pro outro. E ainda tivemos a sorte de pegar a hora da refeição, um show à parte. No grupo de cerca de 25 castores, vimos cinco pequenininhos (menores do que um porquinho-da-índia). Eu e Liam ficamos apaixonados pelos bichinhos - e da outra vez nem sequer os vimos, cada visita uma nova descoberta (da última vez o espetáculo foi o Jardim das Borboletas).

Tarde de sol, bicharada, diversão garantida. E eu, claro, não fui embora sem antes fazer minha tradicional visita aos meus favoritos: os guaxinins (racoon em inglês). Mas hoje os castores roubaram o show: não sobrou pra ninguém!

Dia da mulher

Eu não poderia deixar este dia passar em branco. Embora acredite que dia da mulher deveria ser mesmo é todos os dias, 365 dias por ano! Porque convenhamos: ser mulher é, e continua sendo, um desafio em nossa sociedade moderna. As exigências do mundo lá fora (e frequentemente dentro de nós mesmas) podem ser sufocantes. Por isso, a mulher deve antes de mais nada saber quem ela é e o que ela deseja da vida (e não o que os outros acham que ela é ou desejam para a vida dela). Sem esta percepção de si mesma, não dá pra aguentar o tranco. E mais cedo ou mais tarde, você é engolida...

Por falar em percepção de si mesma, uma das campanhas publicitárias que mais despertou a atenção este ano foi a Campanha pela Real Beleza da Dove. Porque já era mais do que tempo de parar e refletir o que a mídia e as top models (sem falar em Hollywood e nas novelas da Globo) fizeram e continuam fazendo com a auto-estima de mulheres de todas as idades, em toda parte do mundo. Sim, porque com o padrão de beleza vigente de mulheres (cada dia mais) magérrimas e super produzidas em revistas e outdoors, não sobra mesmo pra ninguém. Quer um consolo, assista o vídeo Evolution (selecione Campaign for Real Beauty à esquerda para abrir a janela e exibir o filme).

No dia de hoje (e em todos os outros dias), eu só queria dizer o seguinte: seja você mesma e seja feliz. Aceite suas limitações, cultive suas qualidades e faça as pazes com seus defeitos (porque ninguém é perfeito). Não deixe que alguém lá fora decida o que é a felicidade pra você - crie seus próprios critérios e seja feliz.

E no final das contas, a embalagem pode ser importante, mas o conteúdo é essencial. Quem gostaria de receber uma enorme caixa embrulhada com papel especial e cheia de fitas pra depois abrir e descobrir que não tem nada dentro...Tantas mulheres obcecadas em cuidar do seu exterior (a embalagem), maquiagem, dietas, tinturas de cabelo, cremes mil etc. Mas será que se lembram de dedicar o mesmo tempo e esforços para cuidar de sua beleza interior (o conteúdo) - aquela que é mais importante em todo relacionamento humano que vale a pena.

Mãe coruja

Apesar de todas as dificuldades na escola, Liam está aprendendo a ler cada dia melhor. E eu tenho ajudado ele quase que diariamente nesta tarefa. Porque se dependesse só da escola, a coisa ia ficar complicada.

Como sou mesmo apaixonada pela leitura desde pequenininha - desde que aprendi a ler nunca mais parei - decidi dar uma ajuda extra em casa (e a professora falou que, no caso dele, este extra fez toda a diferença). A verdade é que o Liam sempre teve livros em casa, desde bebê (quando só sabia babar e rasgar as páginas, hehehe) . Hoje em dia, ele adora folhear livros sobre seus temas favoritos: trens, aviões, dinossauros, baleias e todo tipo de animal (inclusive aranhas e outros insetos, claro). E cá entre nós, livro é o que não falta aqui em casa!

Nas últimas semanas já lemos juntos três livrinhos. Ele lê frase a frase em voz alta para mim, todo orgulhoso (e eu mais ainda). Como já comentei por aqui antes, Liam tem tido muitos problemas na classe de alfabetização. E vai mesmo mudar de escola depois das férias de verão daqui (em agosto). Mas isso é assunto para outro post, talvez...

O que eu sei é que comemoro cada etapa vencida (com direito a presentinhos e tudo). Não há nada mais prazeiroso para uma mãe do que ver as conquistas de seu filho, dia após dia, mês após mês, ano após ano. Meu bebê já completa 7 anos mês que vem!

A amizade, mais uma vez

Ontem me encontrei com duas amigas especiais, Adriane e Bebete. Duas pessoas com quem eu posso ser eu mesma (parece óbvio mas não é, acreditem). É bom poder falar sem me preocupar em ser criticada ou mal-interpretada. É bom poder falar sem precisar ficar me explicando o tempo todo - ou pior ainda, me desculpando. E é bom falar e saber que você está sendo ouvida. E aprender a ouvir (porque quem gosta de falar, precisa aprender a ouvir)!!! Estes encontros fazem bem à alma da gente, pena que não sejam mais frequentes neste país onde todos vivem correndo (até hoje não entendi exatamente atrás do quê).

De uns tempos pra cá, tomei uma grande decisão na minha vida: prometi a mim mesma só buscar a companhia de quem quer estar comigo. Mendigar amizade nunca mais, no thanks! (fiz uma vez e confesso que nunca me senti tão mal em toda minha vida). Amizade não se mendiga, ou é ou não é. OK, já falei sobre isso antes por aqui (just a reminder for myself, sorry)...Definitivamente não recomendo. Mas coração é bicho esquisito e de vez em quando apronta dessas coisas (o importante é estar alerta e aprender com os erros, hoje e sempre).

Palavras-chave: amar a si mesmo, respeito próprio, limites.

Leitura inspiradora

Fuxicando sábado no meu sebo favorito, me caiu nas mãos o livro Everyday Karma, de Carmen Harra. Provavelmente o que eu precisava ler neste período de transição na minha vida. Verdade seja dita, apesar de tudo e de todos, sempre acreditei que as coisas acontecem por alguma razão. Sempre acreditei que as coisas acontecem na hora em que têm de acontecer. E que enquanto a gente não aprender a lição que viemos aprender, situações e problemas se repetirão indefinidamente em nossas vidas. As simple as that (OK, not simple at all).

O livro nos ensina a criar o futuro que queremos para nós, hoje. E, no final das contas, o universo conspira em nosso favor. Entre outras coisas, a autora nos ensina a decifrar nosso código espiritual (de onde viemos e para onde vamos), a lidar com nossas ações (karma) no dia-a-dia e a reconhecer e resolver nossos karmas do passado - aqueles acumulados por nós em nossos relacionamentos e famílias.

Além disso, ela lista as Leis Universais, dentre as quais:
1. A Lei do Karma: criamos karma através de nossas intenções, pensamentos, palavras e atos.
2. A Lei da Sabedoria: é importante distinguirmos entre o que pode e o que não pode ser mudado. O sofrimento nos torna mais fortes e sábios.
3. A Lei da Evolução: a única forma de adquirirmos sabedoria, é evoluindo sempre.
4. A Lei da Energia Vibracional: somos energia em movimento, tudo se transforma o tempo todo.
5. A Lei da Abundância: o universo foi criado para nos trazer abundância. ele conspira em nosso favor para realizar nossos desejos sinceros.
6. A Lei da Ordem Divina: existe um plano divino no universo, tudo acontece por uma razão.
7. A Lei da Gratidão: devemos aprender a ser gratos pelo que temos, pelas coisas pequenas e grandes em nossas vidas em vez de sempre querermos mais.
8. A Lei da Manifestação: nossa realidade é um reflexo de nossos pensamentos.
9. A Lei do Desapego: Estamos apenas de passagem pela Terra e não devemos nos apegar demais às coisas e pessoas.
10. A Lei da Aceitação: Não tente mudar o que não pode ser mudado, aceite simplesmente.

Em suma, uma leitura inspiradora e altamente recomendada. A má notícia é que o livro não foi traduzido para o português...quem puder ler em inglês, leia!


Sozinhos venceremos

Quem nunca ouviu a frase de guerra Unidos venceremos? Hoje liguei para uma amiga com quem não falava há mais de 6 meses, colocamos o papo em dia e depois de nossa conversa, tive inevitavelmente mais um de meus insights. A gente pode até fingir que não (e em alguns dias isso até funciona), mas aqui na Holanda estamos sozinhos. Cada um por si e Deus por todos. Cada um cuidando do que é seu: sua família, sua casa, seu emprego. E já é muita coisa.

Todos com suas vidas atribuladas, agendas cheias de compromissos, tentando exaustivamente conciliar três vidas em uma: 1. trabalho, 2. casa e 3. lazer. Ou ainda: trabalhar, ser mãe, esposa, dona-de-casa, amiga etc. E ainda arrumar tempo pra cuidar de si mesma porque senão tudo desmorona ao seu redor. Não, não é pouca coisa e a maioria não consegue dar conta do recado - o que é mais do que compreensível, eu também não consegui.

Até que um dia a gente acorda e decide priorizar a vida. Por mera questão de sobrevivência. Aprendemos a escolher nossas batalhas, a dar importância às coisas e pessoas que realmente importam e deixar o resto pra lá. Aprendemos a viver no presente, um dia de cada vez. E tentamos nos reconciliar com nosso passado (que não pode mais ser mudado) e não temer o futuro (que ainda podemos mudar, pois ele depende do que fazemos com nosso presente hoje).

Talvez seja ilusão minha achar que este seja um fenômeno tipicamente holandês em uma sociedade marcada pelo individualismo. Talvez meus amigos do Brasil (principalmente aqueles nas grandes capitais como Rio e São Paulo) me convençam de que lá a vida também é assim. Talvez não. Só sei que com o passar dos anos, cada um aprende a se virar sozinho. Sozinhos venceremos.

Sessão de cinema: Babel

Ontem finalmente assisti o tão comentado e premiado Babel (2006) do diretor mexicano Alejandro González Iñárritu, que também dirigiu Amores Perros (2000) e 21 Gramas (2003). O filme é excelente e consegue transportar o espectador e confrontá-lo com os temas mais importantes da atualidade: imigrantes ilegais, terrorismo, racismo e acima de tudo a crônica dificuldade de comunicação do ser humano - seja entre membros de uma mesma família, de um mesmo país ou na relação entre os países (o que inevitavelmente gera conflitos pessoais, familiares e internacionais).

O filme alterna magistralmente cenas em três diferentes partes do planeta: Marrocos, México e Tóquio (com algumas cenas nos EUA, que não chegam exatamente a ser importantes para o plot). Os personagens não podiam ser mais diferentes, mas por obra do destino (e de um diretor excepcional) estão interligados entre si ao longo de toda a narrativa. Um casal americano em crise que se encontra em uma situação ainda mais crítica durante uma excursão às montanhas do Marrocos. As crianças do casal, deixadas nos EUA com a babá mexicana que comete o erro (santa ingenuidade) de levá-las para o México para o casamento de seu filho...uma decisão da qual irá se arrepender mais tarde (qualquer brasileiro que já passou por um controle de passaporte ao viajar no exterior provavelmente se identificará em maior ou menor grau com essas cenas). Uma família pobre no Marrocos, onde os dois filhos são presenteados pelo pai com uma arma de fogo para proteger o rebanho e acabam sem querer criando um inusitado conflito internacional e a histeria da mídia internacional (e acima de tudo, americana). Uma adolescente surda e muda em Tóquio, que perdeu a mãe de forma trágica e que luta para encontrar seu lugar no mundo. Diga-se de passagen, as cenas de Tóquio são as mais divertidas do filme, e mostram o mundo dos adolescentes nesta parte do planeta. As cenas da danceteria são uma das mais fantásticas que presenciei no cinema nos últimos tempos (dá vontade de dançar na poltrona do cinema).

Em suma, se você ainda não assistiu, assista! Babel é, sem dúvida, uns dos melhores filmes a chegar às telas de cinema nos últimos tempos. Food for thought, to say the least.

Bunny eats cookie
















Acabei de achar uma foto em um site com dois favoritos: bunnies and cookies!!! Que fofura! Depois dos gatos, os coelhos são meus bichos de estimação favoritos. Tenho um aqui em casa de orelhas caídas e muito fofo, igualzinho o da foto à direita (só que o meu coelho não costuma usar o computador aqui de casa, rsrsrs). O site é ótimo pra quem, como eu, gosta de bichos fazendo todo tipo de travessura: www.cuteoverload.com

Mania de blog

Depois do Orkut - que já rendeu o que tinha de render para muitos - admito que o blog é meu mais novo vício (se é que alguém ainda não percebeu isso)! Ainda mais agora que finalmente aprendi a editar o modelo do Blogger pra incluir links e marcadores. Blog é um negócio que rende: a gente sempre aprende algo de novo! Agora só falta escrever um livro, hehehe.

O que me faz lembrar o que li certa vez, que para nos sentirmos realizados na vida, a gente deve fazer ao menos uma destas três coisas (e de preferência as três, embora seja uma missão quase impossível) 1. plantar uma árvore, 2. ter um filho (adotar também vale), 3. escrever um livro. Bem, o filho eu já tive e desconfio até que seja a tarefa mais díficil da lista. Só falta agora plantar uma árvore e escrever um livro, rsrsrs.