terça-feira, agosto 19, 2008

Autobiografia

Totalmente absorvida na leitura do livro Eat, Pray, Love: One Woman´s Search for Everything, de Elizabeth Gilbert (sucesso de vendas em vários países, traduzido para não sei quantos idiomas e por ai vai). Descobri que não apenas temos o mesmo nome, como também somos muito parecidas em alguns aspectos. Me identifiquei profundamente com a autora do livro. Juro por Deus! Sua eterna busca espiritual, a mente curiosa e inquieta (a eterna estudante e rata de biblioteca), momentos de crise e crescimento. A sensação de não pertencer a lugar nenhum ou a todos os lugares (the world is my shell). A sensação de não se ajustar a nenhum padrão pré-estabelecido de como viver uma vida decente - aqueles padrões que a sociedade impõe e que alguns adotam com uma facilidade de dar inveja em pessoas como eu. A verdade é que a minha vida seria muito mais fácil se eu fosse daquelas mulheres pra quem felicidade é sinônimo de marido, filhos e casa bonita. Eu fui casada, tive meu filho e entrei em parafuso. Exatamente como a Elizabeth deste livro - com a diferença que ela entrou em parafuso antes de engravidar - o que acreditem, já facilita muito! Só sei que num belo momento de sua vida, ela decide se divorciar e começar tudo de novo. Exatamente como eu fiz há cerca de 2 anos. O fim do casamento foi para ela (e para mim) o início de uma jornada em busca de si mesma. No caso dela, jornada que a levará à Itália, Índia e Indonésia. A minha jornada particular começou no Brasil, passando pela Irlanda e Holanda, onde aliás vivo até hoje (pra quem ainda não percebeu).

Acho até que uma das poucas diferenças entre as duas Elizabeths (a autora e a blogueira que vos escreve) é que a autora teve condições financeiras de bancar uma viagem dessas. Um verdadeiro sabbatical (muito na moda aqui na Europa): 1 ano viajando pelo mundo, 4 meses em cada um dos países citados. Diga-se de passagem, se suas aventuras culinárias na Itália (onde mais neste mundo come-se tão bem?) são de deixar qualquer um com água na boca, os relatos da Índia são os mais comoventes, intensos e...hilários! Cheguei até a me ver num ashram desses, acordando altas horas da madrugada - três da matina, pra ser mais precisa - pra fazer meditação e chanting! No thanks, odeio acordar cedo! E acho que sentiria exatamente o que ela sentiu (sono, raiva, ressentimento, etc). De qualquer forma, um processo pra lá de válido, embora (muito) doloroso, obviamente. Ser confrontado com seus próprios monstros é uma das grandes aventuras da vida. Conhecer-se a si mesmo e amar-se apesar de tudo (defeitos, neuras, limitações, etc) é uma das maiores façanhas. Não, não é pouca coisa e a maioria das pessoas não chega nem perto de realizar isso em uma vida.

Quanto a mim, a minha busca começou muitos e muitos anos atrás, quando ainda morava no Brasil. Embora tenha crescido na igreja protestante de meus pais, aos 18 anos decidi que não queria mais ir à igreja (nem aos domingos, nem nenhum outro dia). Comecei a estudar astrologia e tarô (que leio até hoje). Fiz hatha yoga e meditação transcendental. Frequentei centros espíritas (e só não fui a terreiro de macumba porque morria de medo). Fiz acupuntura e medicina natural. Herbalismo, florais de bach, homeopatia. Tentei tai-chi mas foi uma desgraça porque eu sempre terminava antes dos outros (sou apressadinha). E me encontrei na antiginástica, que fiz por mais de 2 anos em uma das fases de mais equilíbrio da minha vida. Pensando bem, a minha jornada foi (quase) o contrário da dela. De certa forma - e certamente em um dado momento - me perdi mais do que me achei na Europa. Claro que estou exagerando e que cresci muito aqui neste velho continente. Tanto que, sinceramente, nem consigo me imaginar voltando a viver no Brasil. Não é esnobismo não, é fato - e quem mora há mais de 10 anos fora sabe muito bem do que estou falando!

Pra finalizar, acho que eu ficaria uns 6 meses na Itália, 2 meses na Índia (tempo suficiente pra pegar alguma disenteria ou desidratação e emagrecer uns bons quilos) e 4 meses na Indonésia, até prova em contrário. De uma coisa eu tenho certeza: viajar é bom demais!!! Conhecer novos lugares, novas culturas, explorar novos sabores...

6 comentários:

Andrea Drewanz disse...

Beth, eu também viajei neste livro.
É-bom-demais!
Ainda não conheci ninguém que não tivesse gostado dele.
Bjs

Antonio Da Vida disse...

"A sensação de não pertencer a lugar nenhum ou a todos os lugares (the world is my shell). A sensação de não se ajustar a nenhum padrão pré-estabelecido de como viver uma vida decente - aqueles padrões que a sociedade impõe e que alguns adotam com uma facilidade de dar inveja em pessoas como eu."
Somos gêmeos???;-))
XXX/A

Anônimo disse...

Meus amigos netunianos!
Esta sensação de viver na "beira do mundo" (nem dentro, nem fora; assim na beira, olhando tudo...como se olhasse para o fundo de um lago, sem vê-lo) está descrita nos mistérios. Um dia vamos os três conversar sobre isso.

Beijos

Bebete Indarte disse...

Me diz aqui. Cheguei tarde nessa conversa. Você havia me falado no livro, mas pelo que eu entendi, ela deu uma de Shirley Valentine, só que não foi pra Grécia e não tinha marido.
Acho que quando você não tem filho e nem marido (cacho qualquer), você está livre pra ter seu sabbatical a hora que você quiser, se isso for o que você quer, conhecer outros lugares pra SE ACHAR. Mas a viagem nunca é pra fora, é pra dentro...
É sério, se eu me divorciasse, sem filhos...eu coloca minha mochila nas costas, e em cada porto um amor carnal, e em cada bar uma oportunidade de $ pra seguir a viagem, fazer amigos, conhecer lugares. Você também. Mas ser mãe...e ou ter elos, é diferente.

Bebete Indarte disse...

De dramática à realista...hahahaha.

Lilly disse...

Esse seu post foi no dia do meu aniversário. E bem na época em que eu me separei. Eu me separei por volta do dia 16 de agosto.

Bom, o post é excelente. Engraçado como com tanta coisa boa que você escreveu eu fui reparar em outras coisas... rs

Beijos.

Tecnologia do Blogger.

Autobiografia

Totalmente absorvida na leitura do livro Eat, Pray, Love: One Woman´s Search for Everything, de Elizabeth Gilbert (sucesso de vendas em vários países, traduzido para não sei quantos idiomas e por ai vai). Descobri que não apenas temos o mesmo nome, como também somos muito parecidas em alguns aspectos. Me identifiquei profundamente com a autora do livro. Juro por Deus! Sua eterna busca espiritual, a mente curiosa e inquieta (a eterna estudante e rata de biblioteca), momentos de crise e crescimento. A sensação de não pertencer a lugar nenhum ou a todos os lugares (the world is my shell). A sensação de não se ajustar a nenhum padrão pré-estabelecido de como viver uma vida decente - aqueles padrões que a sociedade impõe e que alguns adotam com uma facilidade de dar inveja em pessoas como eu. A verdade é que a minha vida seria muito mais fácil se eu fosse daquelas mulheres pra quem felicidade é sinônimo de marido, filhos e casa bonita. Eu fui casada, tive meu filho e entrei em parafuso. Exatamente como a Elizabeth deste livro - com a diferença que ela entrou em parafuso antes de engravidar - o que acreditem, já facilita muito! Só sei que num belo momento de sua vida, ela decide se divorciar e começar tudo de novo. Exatamente como eu fiz há cerca de 2 anos. O fim do casamento foi para ela (e para mim) o início de uma jornada em busca de si mesma. No caso dela, jornada que a levará à Itália, Índia e Indonésia. A minha jornada particular começou no Brasil, passando pela Irlanda e Holanda, onde aliás vivo até hoje (pra quem ainda não percebeu).

Acho até que uma das poucas diferenças entre as duas Elizabeths (a autora e a blogueira que vos escreve) é que a autora teve condições financeiras de bancar uma viagem dessas. Um verdadeiro sabbatical (muito na moda aqui na Europa): 1 ano viajando pelo mundo, 4 meses em cada um dos países citados. Diga-se de passagem, se suas aventuras culinárias na Itália (onde mais neste mundo come-se tão bem?) são de deixar qualquer um com água na boca, os relatos da Índia são os mais comoventes, intensos e...hilários! Cheguei até a me ver num ashram desses, acordando altas horas da madrugada - três da matina, pra ser mais precisa - pra fazer meditação e chanting! No thanks, odeio acordar cedo! E acho que sentiria exatamente o que ela sentiu (sono, raiva, ressentimento, etc). De qualquer forma, um processo pra lá de válido, embora (muito) doloroso, obviamente. Ser confrontado com seus próprios monstros é uma das grandes aventuras da vida. Conhecer-se a si mesmo e amar-se apesar de tudo (defeitos, neuras, limitações, etc) é uma das maiores façanhas. Não, não é pouca coisa e a maioria das pessoas não chega nem perto de realizar isso em uma vida.

Quanto a mim, a minha busca começou muitos e muitos anos atrás, quando ainda morava no Brasil. Embora tenha crescido na igreja protestante de meus pais, aos 18 anos decidi que não queria mais ir à igreja (nem aos domingos, nem nenhum outro dia). Comecei a estudar astrologia e tarô (que leio até hoje). Fiz hatha yoga e meditação transcendental. Frequentei centros espíritas (e só não fui a terreiro de macumba porque morria de medo). Fiz acupuntura e medicina natural. Herbalismo, florais de bach, homeopatia. Tentei tai-chi mas foi uma desgraça porque eu sempre terminava antes dos outros (sou apressadinha). E me encontrei na antiginástica, que fiz por mais de 2 anos em uma das fases de mais equilíbrio da minha vida. Pensando bem, a minha jornada foi (quase) o contrário da dela. De certa forma - e certamente em um dado momento - me perdi mais do que me achei na Europa. Claro que estou exagerando e que cresci muito aqui neste velho continente. Tanto que, sinceramente, nem consigo me imaginar voltando a viver no Brasil. Não é esnobismo não, é fato - e quem mora há mais de 10 anos fora sabe muito bem do que estou falando!

Pra finalizar, acho que eu ficaria uns 6 meses na Itália, 2 meses na Índia (tempo suficiente pra pegar alguma disenteria ou desidratação e emagrecer uns bons quilos) e 4 meses na Indonésia, até prova em contrário. De uma coisa eu tenho certeza: viajar é bom demais!!! Conhecer novos lugares, novas culturas, explorar novos sabores...

6 comentários:

Andrea Drewanz disse...

Beth, eu também viajei neste livro.
É-bom-demais!
Ainda não conheci ninguém que não tivesse gostado dele.
Bjs

Antonio Da Vida disse...

"A sensação de não pertencer a lugar nenhum ou a todos os lugares (the world is my shell). A sensação de não se ajustar a nenhum padrão pré-estabelecido de como viver uma vida decente - aqueles padrões que a sociedade impõe e que alguns adotam com uma facilidade de dar inveja em pessoas como eu."
Somos gêmeos???;-))
XXX/A

Anônimo disse...

Meus amigos netunianos!
Esta sensação de viver na "beira do mundo" (nem dentro, nem fora; assim na beira, olhando tudo...como se olhasse para o fundo de um lago, sem vê-lo) está descrita nos mistérios. Um dia vamos os três conversar sobre isso.

Beijos

Bebete Indarte disse...

Me diz aqui. Cheguei tarde nessa conversa. Você havia me falado no livro, mas pelo que eu entendi, ela deu uma de Shirley Valentine, só que não foi pra Grécia e não tinha marido.
Acho que quando você não tem filho e nem marido (cacho qualquer), você está livre pra ter seu sabbatical a hora que você quiser, se isso for o que você quer, conhecer outros lugares pra SE ACHAR. Mas a viagem nunca é pra fora, é pra dentro...
É sério, se eu me divorciasse, sem filhos...eu coloca minha mochila nas costas, e em cada porto um amor carnal, e em cada bar uma oportunidade de $ pra seguir a viagem, fazer amigos, conhecer lugares. Você também. Mas ser mãe...e ou ter elos, é diferente.

Bebete Indarte disse...

De dramática à realista...hahahaha.

Lilly disse...

Esse seu post foi no dia do meu aniversário. E bem na época em que eu me separei. Eu me separei por volta do dia 16 de agosto.

Bom, o post é excelente. Engraçado como com tanta coisa boa que você escreveu eu fui reparar em outras coisas... rs

Beijos.