quarta-feira, setembro 29, 2010

Dewey, the library cat

Passei aqui rapidinho só pra dizer que estou lendo um bestseller super indicado para os amantes de gatos. É a estória de um gato de biblioteca, Dewey (mais detalhes aqui). Na verdade, o livro conta mais do que a estória de um gato, ele conta a estória de uma cidadezinha em Iowa, EUA. Uma cidade em que os moradores tentam sobreviver as dificuldades da melhor maneira possível e sempre começam de novo. A chegada de Dewey transforma pouco a pouco a vida dos moradores, e o gatinho passa a ser uma presença especial na vida de muitos deles. Um gato muito esperto e charmoso - como todo gato que se preze - e que adora gente! Dewey faz amizade com crianças e adultos e sente intuitivamente quem precisa de uma atenção especial.

Enfim, o livro é uma declaração de amor aos gatos. Imperdível pra quem adora estes bichinhos, como esta que vos escreve! Detalhe é que a minha paixão por gatos começou aqui na Holanda, tive uma gatinha durante 10 anos chamada Eva com quem compartilhei uma parte importante da minha vida aqui. E há 3 anos adotei Lisa, uma gatinha parecidíssima com a Eva (preto e branco) e também ótima companheira. Ou seja, quem acha que gato é bicho traiçoeiro, certamente nunca conviveu com um!



PS. Queridas amigas e leitoras, obrigada pelos votos de melhoras. A dor no cotovelo está melhorando desde que mudei o mouse de lado. Mão direita de férias por tempo indeterminado.

segunda-feira, setembro 27, 2010

Dor de cotovelo


Não se iludam, não me refiro a dor de cotovelo tão cantada nas músicas de amor. Me refiro à dor de cotovelo propriamente dita, infelizmente...Ela veio de súbito, quinta ou sexta passada e me surpreendeu. É sempre assim: o corpo humano é mágico, funciona que é uma beleza...até o dia em que decide pifar!!! E aí a gente passa a valorizar a saúde e fica boquiaberto ao refletir sobre o milagre que é o nosso corpo.

Porque a gente só dá valor ao que não tem, parece defeito de fábrica de todo ser humano. Estava tudo bem até que a dor chegou e fui novamente obrigada a parar para repousar. Pelo que li na net, trata-se de uma inflamação dos tendões (tendinite), que ocorre após anos de uso excessivo (overuse) de determinados tendões. Outro nome conhecido é cotovelo de tenista, embora a maioria das pessoas que sofrem deste mal nunca tenham pego uma raquete de tênis na mão! A causa principal são movimentos repetitivos como clicar no mouse, digitar, etc. Também conhecido por aí como RSI (Repetitive Stress Injury). Enfim, um mal do século, caros amigos.

F. como pessoa extremamente prática que é, chegou aqui em casa e já foi logo mudando o mouse de lado. O que significa que agora uso a mão esquerda pra clicar no mouse e digito com as duas mãos, como sempre fiz. Como tudo é uma questão de hábito, ainda estou me acostumando a esta mudança. Mas é a primeira medida a ser tomada mesmo.

Estou tomando analgésicos e anti-inflamatório pra dor, porque subitamente não consigo mais executar aquelas tarefas básicas do dia-a-dia como levantar uma sacola de compras com a mão direita, lavar e pentear os cabelos, etc. Vou esperar uma semana até encarar o médico...que provavelmente recomendará algum tipo de fisioterapia.

Mas este post é só pra dizer que vou pegar mais leve no blog...e certamente no Tumblr - que desconfio ser o grande culpado nesta estória!!! Nos últimos tempos tenho passado horas a fio só clicando em imagens...clica. próxima imagem. clica. próxima imagem. clica. É bem verdade que eu uso o computador (e o mouse) há mais de 20 anos mas o Tumblr só serviu pra agravar o caso.



PS. Se alguém aí tiver experiência ou dicas sobre o problema, por favor escreva aqui.

quinta-feira, setembro 23, 2010

Nem morta !!!

Era uma vez, numa terra muito distante...uma princesa linda, independente e cheia de auto-estima. Ela se deparou com uma rã enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo era relaxante e ecológico.

Então, a rã pulou para o seu colo e disse: linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Uma bruxa má lançou-me um encanto e transformei-me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir lar feliz no teu lindo castelo.

A tua mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavar as minhas roupas, criar os nossos filhos e seríamos felizes para sempre... Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria, pensando consigo mesma:

- Eu, hein?... nem morta!
(de Luís Fernando Veríssimo)

domingo, setembro 19, 2010

Uma escritora indiana



Acabei de ler (ou melhor, devorar) dois livros de Manju Kapur que estavam há tempos esperando lá na minha prateleira. Os livros se chamam A Married Woman e Home. Dois livros maravilhosos, mas eu gostei ainda mais de Home. Depois de ler a saga destas famílias na Índia você aprende muito sobre os costumes e tradições do país. É quase como um estudo antropológico - para leigos!

A escritora indiana escreveu ao todo quatro livros. Seu début literário, Difficult Daughters (1998) fez um sucesso estrondoso de crítica. A Married Woman e Home são, respectivamente, o segundo e terceiro livros da autora. O quarto livro, recentemente lançado e já com ótimas críticas se chama The Immigrant. E obviamente, já está na minha lista de leituras. assim como o primeiro.

Os personagens dos livros são tão verdadeiros (pra não dizer cativantes) que no final é como se a gente os conhecesse de verdade. Foi assim que me senti ao terminar a saga de Nisha, no livro Home. Acompanhei ansiosamente as aventuras e desventuras desta mulher lutando contra uma família patriarcal de valores rígidos. Valores que regem que a mulher nasceu pra casar, ter filhos e cuidar do marido. Nisha não apenas se recusou a se encaixar neste papel tradicional como namorou escondido e sem permissão dos pais, foi fazer faculdade e mais tarde - com o devido consentimento do pai - abriu seu próprio negócio!

Home é a saga de três gerações de uma família de classe média alta em Delhi. Nas páginas do livro você acompanha o cotidiano da família, seus rituais e tradições. Uma família tradicional em que os homens decidem e as mulheres obedecem. Em que o nascimento de um menino é celebrado intensamente...e o de uma menina considerado como uma espera obrigatória antes da chegada do herdeiro. Em que os casamentos são cuidadosamente arranjados e cujas celebrações duram cinco dias. Uma família hierárquica em que os filhos respeitam e obedecem aos pais, e a mãe por sua vez obedece ao marido. Em que os filhos se casam e trazem as esposas para morarem todos juntos na casa do patriarca. Tudo em prol da família, sem espaço pra liberdades individuais...principalmente para as mulheres.

A autora, além de escritora, é professora de literatura inglesa na Universidade de Delhi. Mais uma recomendação pra quem quer conhecer um pouco as tradições da Índia.

E já que estou falando de autores indianos, outra autora bastante conhecida é Jhumpa Lahiri. Seu livro The Namesake conta a estória de uma família indiana que emigrou para os EUA e foi filmado alguns anos atrás. Eu já tinha gostado muito do filme (leia aqui) então acho que vou gostar ainda mais do livro! Por coincidência, achei o livro ontem no sebo e devo engatar a leitura já já...



PS. Li em inglês, na livraria Cultura achei edições em espanhol mas parece que os livros ainda não foram traduzidos para o português...uma pena!

sexta-feira, setembro 17, 2010

Gatos, gatos e...mais gatos!

quinta-feira, setembro 16, 2010

Novo marcador



Como estou mesmo à toa, resolvi dar uma arrumada na casa - ou melhor, no blog! E depois do post anterior, me dei conta que seria melhor criar um marcador especificamente para as minhas experiências como imigrante na Holanda. Afinal, moro por estas bandas há 16 anos e tenho muita estória pra contar e experiências pra compartilhar.

É que antes eu colocava tudo que se referia à Holanda sob o marcador Coisas de Holanda. Agora decidi facilitar o trabalho de quem visita o blog com a proposta de aprender mais sobre como é a vida de um brasileiro na Holanda. Enfim, como é a vida de imigrante nesta parte do planeta. E decidi criar o marcador Vida de imigrante.

Agora os curiosos e bisbilhoteiros de plantão podem localizar mais facilmente as informações desejadas (e eu organizo melhor o meu espaço).





PS. Dedico este post à minha querida amiga Tânia, que está fazendo uma pesquisa sobre blogueiros no exterior!

quarta-feira, setembro 15, 2010

Nem tudo são flores na Holanda



Outro título adequado para este post seria: os prós e os contras da minha vida na Holanda. Porque eu ando muito triste e cada dia está mais difícil encontrar razão pra me animar...Desde que me separei meu padrão de vida piorou muito, eu moro num bairro pobre da cidade, em que 90% dos meus vizinhos são imigrantes, gente simples, sem instrução e com uma média de 3 filhos. A maioria trabalha como segurança em lojas e aeroporto, faxineiras de escritórios e hospitais, por ai vocês podem ter uma idéia do que estou falando. Nada contra essas pessoas (pelo contrário, sempre converso com meus vizinhos, gente simples mas gente boa). Mas eu me sinto um peixe fora d´água quando ando pelas ruas do meu bairro. Moro aqui há 10 anos (nos mudamos quando Liam era ainda bebê) e só vi as coisas piorarem. Antes disso, morei praticamente no centro de Amsterdã, lá onde moram os holandeses e europeus...A luz no fim do túnel é que daqui a uns 3 anos eu terei a chance de me mudar novamente - para um bairro melhor. Aqui há lista de espera para o setor de aluguéis controlados pelo governo, que é o meu caso. Aluguel no setor livre é só pra executivos e gente que ganha muito bem. Outra coisa beeeeeeeeeeeeem diferente do Brasil, diga-se de passagem.

Só sei que tem dias que me bate uma tristeza profunda. Dias em que me vejo sem perspectivas de futuro neste país, ainda mais com os últimos acontecimentos políticos e um governo de direita...Mas então eu respiro fundo e penso nos PRÓS e CONTRAS da minha situação. Estou sem trabalho há 3 anos, mas aqui na Holanda existe algo chamado seguro-desemprego (uitkering). O que significa que eu recebo uma cota mensal do governo que é o suficiente pra pagar as contas de casa (aluguel, luz, gás, telefone, internet) e fazer as compras de supermercado...Desnecessário dizer, no Brasil isso não existe!!! Enfim, dos males o menor.

Em 16 anos de Holanda, apenas dois anos atrás quando a situação ficou realmente preta que fui pedir ajuda e me inscrever na prefeitura. Porque naquele momento não tinha outra opção mesmo. No entanto, muita gente aqui - estrangeiros e holandeses - fica anos pendurado no governo, vivendo de esmola e empurrando com a barriga (conheço até brasileiros que vivem disso e não me orgulho nada desta gente). Quanto a mim, preferia mil vezes ter um emprego pra poder pagar minhas contas eu mesma! Nunca gostei de depender de ninguém. Aqui na Holanda não tenho família mas felizmente o governo ajuda. E a gente sobrevive.

Enfim, os PRÓS de se morar neste país. Já os CONTRAS talvez não sejam problemas específicos da Holanda (a crise é mundial) mas está cada vez mais difícil arrumar emprego - principalmente para quem é estrangeiro como eu (se até os holandeses estão desempregados). Pior ainda se for mulher...filho complica mais ainda, claro. Por incrível que pareça, aqui as mulheres continuam ganhando menos do que os homens (até na mesma função) e poucas exercem funções executivas. Muitas ficam mesmo é em casa com os filhos pequenos (até porque creche aqui é caríssimo).

Mas o motivo deste post é que segunda-feira recebi uma notícia ruim e me bateu um desânimo enorme. Depois de nove meses de estágio, conversei com meu gerente da agência de empregos (ou algo parecido porque no Brasil não tem isso) e discutimos a possibilidade de eu fazer um curso de nível de pós-graduação na área do estágio. Preenchemos os formulários, alguns telefonemas aqui e ali e ele disse pra eu não me animar muito porque que as chances da prefeitura pagar o curso (eu não tenho grana pra isso) eram de 50%. Segunda-feira veio a resposta negativa. Ou seja: um passo pra frente, dois pra trás. E eu estava tão animada...

Este curso significava um bocado pra mim porque me colocaria numa situação muito mais favorável pra procurar emprego aqui (eu não tenho nenhum diploma neste país, a não ser o NT2 II, o diploma mais alto de proficiência da língua holandesa). Ironias da vida, meu ex-marido, que veio pra cá com 18 anos e segundo grau incompleto, teve muito mais sorte. Não apenas por ser europeu (o que já é outra estória) mas porque naquela época ainda havia dinheiro pra investir em cursos de aperfeiçoamento, etc. E ele teve todas as chances que eu não estou tendo agora. Logo ele que nem sequer terminou o segundo grau...enquanto que eu já vim pra cá com um diploma universitário!

E agora chega de reclamar. A vida segue e a gente se vira como pode. Mas tem dias que não é fácil.






PS. Este foi provavelmente o POST MAIS LONGO da história do blog. Mas agora vou lá malhar um pouco pra ver se o astral melhora. Porque como eu mesma disse no post anterior, a gente não pode é desistir.

sexta-feira, setembro 10, 2010

Tem coisa mais desmoralizante?

Depois de ter parado quase 9 meses, ontem voltei à fisioterapia (com aparelhos de musculação). Parei em janeiro e como uma coisa puxa a outra, nunca mais voltei (sem falar que o inverno rigoroso deste ano me deu a desculpa perfeita pra não sair de casa). Depois disso, a grande desculpa foi o estágio, afinal eu corria pra lá e pra cá a semana inteira! Por um ou outro motivo, também nadei muito menos neste verão do que no verão passado. E não, não me orgulho de nada disso.

Mas cá entre nós. Tem coisa mais desmoralizante do que ter de começar tudo de novo? Tem coisa mais desmoralizante do que finalmente, depois de anos, conseguir perder peso só pra ganhar tudo de novo depois? Tudo de novo outra vez. São aquelas pequenas grandes derrotas da vida que nos tiram o ânimo e nos causam um desconforto (quase) indescritível. Por não sermos melhores, por não termos mais disciplina. Enfim, por falharmos mais uma vez.

Eu acredito que a minha batalha seja muito comum a outras mulheres - e nem por isso ela é menos árdua. Pelo contrário, no meu caso é uma batalha pra vida inteira. Eu já comentei em alguns posts sobre reeducação alimentar porque não acredito em dietas. E talvez também tenha comentado (nem que por alto) que tenho problemas com comida sim. Em outras palavras, tenho um distúrbio alimentar. Ou seja, não é só uma questão de força de vontade e fechar a boca como muitos insistem em dizer. O que eu preciso mesmo é aprender a lidar com certas emoções nocivas em vez de me entupir de comida. Pronto, falei.

Na verdade, trata-se de um círculo vicioso. E se estar ciente de algo fosse o suficiente para resolver um problema, eu não teria mais problemas nesta vida!!! Felizmente - ou seria melhor dizer infelizmente - muita gente passa pelos mesmos dilemas. Por isso este desabafo...

A batalha continua, um dia de cada vez.




PS. Pra ser mais específica, me refiro a 12kgs. Eu tinha mudado para o manequim 46, comprado várias roupas novas...e agora não tenho (quase) mais nada pra usar!!!

quarta-feira, setembro 08, 2010

Quinze coisas que eu não sei

 1. Ficar calada por mais de 5 minutos.
 2. Fazer contas e planejar as despesas.
 3. Poupar dinheiro e fazer planos para o futuro.
 4. Como alguém pode não gostar de gatos.
 5. Como alguém pode gostar de forró.
 6. Como alguém pode não gostar de viajar.
 7. Como alguém consegue criar 2 filhos ou mais (eu mal consigo criar um).
 8. Como funciona o iPad (ou o Blackberry).
 9. Gostar de filme de ação ou filme testosterona.
10. Fazer pudim de leite, mas sei fazer mousse de chocolate!
11. Não sei mentir nem fazer cara de paisagem.
12. Viver sem meus livros, rata de livraria desde sempre.
13. Não sei gostar de quem não gosta de mim.
14. Tocar algum instrumento musical (para tristeza de F. cuja paixão é a música)
15. Last but not least, eu não sei fazer dieta...



A idéia original para este post eu tirei daqui. Quem se animar, pode fazer também!

terça-feira, setembro 07, 2010

A Night at the Museum




Sábado fizemos um programa muito especial: uma noite no museu! Um evento único com vários museus da cidade abertos excepcionalmente até 1 ou 2hs da manhã. Ao todo 25 museus e galerias participaram do evento. Então, 10 horas da noite e lá estávamos nós passeando entre as belas pinturas da Mauritshuis, meu museu favorito em Haia - e um dos melhores museus da Holanda, anotem aí.




Obviamente, fui dar boa noite a uma das pinturas mais famosas da coleção: a belíssima moça do brinco de pérola. A moça que tem trazido ordas de turistas japoneses para Haia, basta conferir a quantidade de produtos com a imagem dela na lojinha do museu. Até eu fiquei com vontade de levar uma daquelas bugigangas pra casa. Entre a merchandise encontram-se caderninhos de notas de vários tamanhos, cadernos de endereços, imãs de geladeira, relógios de pulso, posters e até mesmo uma caixa de fósforo jumbo!

Pretendíamos ainda fazer uma visita ao museu Escher, outra grande atração turística da cidade. Mas uma amiga de F. avisou que a fila estava enorme e desistimos a tempo. Fica para outra vez, até porque F. mora na cidade e eu estou sempre por lá mesmo. E como já eram mais de 11hs da noite, acabamos optando pelo Museu Histórico da Cidade de Haia, bem interessante pra quem quiser aprender sobre a história da cidade e principalmente sobre a segunda guerra mundial, a ocupação das tropas alemãs e a resistência. O museu fica na mesma rua da Mauritshuis (do outro lado da rua). E por falar em rua, nunca vi as ruas da cidade tão cheias de gente, principalmente estudantes. Uma procissão de curiosos e amantes da arte.

Eu só sei que visitar um museu fora do horário usual é uma sensação indescritível. Algo como fazer algo ilícito ou proibido, hehehe. Em Amsterdã já fizeram algo semelhante e obviamente formaram-se filas enormes no museu Van Gogh - mas eu perdi o evento, damn!

quinta-feira, setembro 02, 2010

Pra quem gostou de Little Miss Sunshine

Como tenho lido um bocado nas últimas semanas, decidi comentar logo sobre outro livro que gostei muito, The Silver Linings Play Book, o romance de estréia de Matthew Quick. Um livro original e muito legal pra quem gosta de personagens nada convencionais, como a família de Little Miss Sunshine. Ou melhor ainda, como o protagonista do ótimo The Curious Incident of the Dog in the Night-time, de Mark Haddon (mais detalhes aqui).

Em Silver Linings, o protagonista é um paciente psiquiátrico que acaba de voltar pra casa depois de uma longa internação. Embora o livro não forneça um diagnóstico específico, à medida em que você avança a leitura, é possível delinear um perfil. Principalmente pra quem já leu um bocado sobre autismo, como eu. Porque eu posso até estar redondamente enganada, mas Pat tem fortes traços de autismo. Some a isso um temperamento agressivo e temos um prato cheio!

Depois de um acontecimento trágico que ele simplesmente reprimiu para o fundo da memória e do qual nada se lembra, Pat retorna à casa dos pais para tentar reconstruir sua vida. Seu tratamento consiste em sessões de terapia semanais e medicamento. Mas o grande objetivo de sua vida é mesmo refazer a relação com a ex-mulher. O que mais do que um simples objetivo, transforma-se em uma obsessão doentia (até porque, aqui estamos mesmo lidando com doenças mentais). Enquanto isso não acontece, e enquanto ele não arruma emprego, Pat passa seus dias fazendo musculação e correndo. Melhorar sua condição física é outra obsessão, e sempre que se sente inquieto, ele coloca os tênis e sai correndo! Dizem as más línguas que funciona.

Um belo dia ele cruza com Tiffany, outra personagem complexa e castigada pela vida, digamos assim. E desde então ela passa a ser sua companheira de corridas. Os dois estabelecem um vínculo nada convencional, uma amizade de longas corridas e poucas palavras. É que eles se comunicam sem precisar falar muito. E assim nasce uma amizade com chances de se tornar algo mais. Pra quem gosta de ler, mais um livro interessante.
Tecnologia do Blogger.

Dewey, the library cat

Passei aqui rapidinho só pra dizer que estou lendo um bestseller super indicado para os amantes de gatos. É a estória de um gato de biblioteca, Dewey (mais detalhes aqui). Na verdade, o livro conta mais do que a estória de um gato, ele conta a estória de uma cidadezinha em Iowa, EUA. Uma cidade em que os moradores tentam sobreviver as dificuldades da melhor maneira possível e sempre começam de novo. A chegada de Dewey transforma pouco a pouco a vida dos moradores, e o gatinho passa a ser uma presença especial na vida de muitos deles. Um gato muito esperto e charmoso - como todo gato que se preze - e que adora gente! Dewey faz amizade com crianças e adultos e sente intuitivamente quem precisa de uma atenção especial.

Enfim, o livro é uma declaração de amor aos gatos. Imperdível pra quem adora estes bichinhos, como esta que vos escreve! Detalhe é que a minha paixão por gatos começou aqui na Holanda, tive uma gatinha durante 10 anos chamada Eva com quem compartilhei uma parte importante da minha vida aqui. E há 3 anos adotei Lisa, uma gatinha parecidíssima com a Eva (preto e branco) e também ótima companheira. Ou seja, quem acha que gato é bicho traiçoeiro, certamente nunca conviveu com um!



PS. Queridas amigas e leitoras, obrigada pelos votos de melhoras. A dor no cotovelo está melhorando desde que mudei o mouse de lado. Mão direita de férias por tempo indeterminado.

Dor de cotovelo


Não se iludam, não me refiro a dor de cotovelo tão cantada nas músicas de amor. Me refiro à dor de cotovelo propriamente dita, infelizmente...Ela veio de súbito, quinta ou sexta passada e me surpreendeu. É sempre assim: o corpo humano é mágico, funciona que é uma beleza...até o dia em que decide pifar!!! E aí a gente passa a valorizar a saúde e fica boquiaberto ao refletir sobre o milagre que é o nosso corpo.

Porque a gente só dá valor ao que não tem, parece defeito de fábrica de todo ser humano. Estava tudo bem até que a dor chegou e fui novamente obrigada a parar para repousar. Pelo que li na net, trata-se de uma inflamação dos tendões (tendinite), que ocorre após anos de uso excessivo (overuse) de determinados tendões. Outro nome conhecido é cotovelo de tenista, embora a maioria das pessoas que sofrem deste mal nunca tenham pego uma raquete de tênis na mão! A causa principal são movimentos repetitivos como clicar no mouse, digitar, etc. Também conhecido por aí como RSI (Repetitive Stress Injury). Enfim, um mal do século, caros amigos.

F. como pessoa extremamente prática que é, chegou aqui em casa e já foi logo mudando o mouse de lado. O que significa que agora uso a mão esquerda pra clicar no mouse e digito com as duas mãos, como sempre fiz. Como tudo é uma questão de hábito, ainda estou me acostumando a esta mudança. Mas é a primeira medida a ser tomada mesmo.

Estou tomando analgésicos e anti-inflamatório pra dor, porque subitamente não consigo mais executar aquelas tarefas básicas do dia-a-dia como levantar uma sacola de compras com a mão direita, lavar e pentear os cabelos, etc. Vou esperar uma semana até encarar o médico...que provavelmente recomendará algum tipo de fisioterapia.

Mas este post é só pra dizer que vou pegar mais leve no blog...e certamente no Tumblr - que desconfio ser o grande culpado nesta estória!!! Nos últimos tempos tenho passado horas a fio só clicando em imagens...clica. próxima imagem. clica. próxima imagem. clica. É bem verdade que eu uso o computador (e o mouse) há mais de 20 anos mas o Tumblr só serviu pra agravar o caso.



PS. Se alguém aí tiver experiência ou dicas sobre o problema, por favor escreva aqui.

Nem morta !!!

Era uma vez, numa terra muito distante...uma princesa linda, independente e cheia de auto-estima. Ela se deparou com uma rã enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo era relaxante e ecológico.

Então, a rã pulou para o seu colo e disse: linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Uma bruxa má lançou-me um encanto e transformei-me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir lar feliz no teu lindo castelo.

A tua mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavar as minhas roupas, criar os nossos filhos e seríamos felizes para sempre... Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria, pensando consigo mesma:

- Eu, hein?... nem morta!
(de Luís Fernando Veríssimo)

Uma escritora indiana



Acabei de ler (ou melhor, devorar) dois livros de Manju Kapur que estavam há tempos esperando lá na minha prateleira. Os livros se chamam A Married Woman e Home. Dois livros maravilhosos, mas eu gostei ainda mais de Home. Depois de ler a saga destas famílias na Índia você aprende muito sobre os costumes e tradições do país. É quase como um estudo antropológico - para leigos!

A escritora indiana escreveu ao todo quatro livros. Seu début literário, Difficult Daughters (1998) fez um sucesso estrondoso de crítica. A Married Woman e Home são, respectivamente, o segundo e terceiro livros da autora. O quarto livro, recentemente lançado e já com ótimas críticas se chama The Immigrant. E obviamente, já está na minha lista de leituras. assim como o primeiro.

Os personagens dos livros são tão verdadeiros (pra não dizer cativantes) que no final é como se a gente os conhecesse de verdade. Foi assim que me senti ao terminar a saga de Nisha, no livro Home. Acompanhei ansiosamente as aventuras e desventuras desta mulher lutando contra uma família patriarcal de valores rígidos. Valores que regem que a mulher nasceu pra casar, ter filhos e cuidar do marido. Nisha não apenas se recusou a se encaixar neste papel tradicional como namorou escondido e sem permissão dos pais, foi fazer faculdade e mais tarde - com o devido consentimento do pai - abriu seu próprio negócio!

Home é a saga de três gerações de uma família de classe média alta em Delhi. Nas páginas do livro você acompanha o cotidiano da família, seus rituais e tradições. Uma família tradicional em que os homens decidem e as mulheres obedecem. Em que o nascimento de um menino é celebrado intensamente...e o de uma menina considerado como uma espera obrigatória antes da chegada do herdeiro. Em que os casamentos são cuidadosamente arranjados e cujas celebrações duram cinco dias. Uma família hierárquica em que os filhos respeitam e obedecem aos pais, e a mãe por sua vez obedece ao marido. Em que os filhos se casam e trazem as esposas para morarem todos juntos na casa do patriarca. Tudo em prol da família, sem espaço pra liberdades individuais...principalmente para as mulheres.

A autora, além de escritora, é professora de literatura inglesa na Universidade de Delhi. Mais uma recomendação pra quem quer conhecer um pouco as tradições da Índia.

E já que estou falando de autores indianos, outra autora bastante conhecida é Jhumpa Lahiri. Seu livro The Namesake conta a estória de uma família indiana que emigrou para os EUA e foi filmado alguns anos atrás. Eu já tinha gostado muito do filme (leia aqui) então acho que vou gostar ainda mais do livro! Por coincidência, achei o livro ontem no sebo e devo engatar a leitura já já...



PS. Li em inglês, na livraria Cultura achei edições em espanhol mas parece que os livros ainda não foram traduzidos para o português...uma pena!

Gatos, gatos e...mais gatos!

Novo marcador



Como estou mesmo à toa, resolvi dar uma arrumada na casa - ou melhor, no blog! E depois do post anterior, me dei conta que seria melhor criar um marcador especificamente para as minhas experiências como imigrante na Holanda. Afinal, moro por estas bandas há 16 anos e tenho muita estória pra contar e experiências pra compartilhar.

É que antes eu colocava tudo que se referia à Holanda sob o marcador Coisas de Holanda. Agora decidi facilitar o trabalho de quem visita o blog com a proposta de aprender mais sobre como é a vida de um brasileiro na Holanda. Enfim, como é a vida de imigrante nesta parte do planeta. E decidi criar o marcador Vida de imigrante.

Agora os curiosos e bisbilhoteiros de plantão podem localizar mais facilmente as informações desejadas (e eu organizo melhor o meu espaço).





PS. Dedico este post à minha querida amiga Tânia, que está fazendo uma pesquisa sobre blogueiros no exterior!

Nem tudo são flores na Holanda



Outro título adequado para este post seria: os prós e os contras da minha vida na Holanda. Porque eu ando muito triste e cada dia está mais difícil encontrar razão pra me animar...Desde que me separei meu padrão de vida piorou muito, eu moro num bairro pobre da cidade, em que 90% dos meus vizinhos são imigrantes, gente simples, sem instrução e com uma média de 3 filhos. A maioria trabalha como segurança em lojas e aeroporto, faxineiras de escritórios e hospitais, por ai vocês podem ter uma idéia do que estou falando. Nada contra essas pessoas (pelo contrário, sempre converso com meus vizinhos, gente simples mas gente boa). Mas eu me sinto um peixe fora d´água quando ando pelas ruas do meu bairro. Moro aqui há 10 anos (nos mudamos quando Liam era ainda bebê) e só vi as coisas piorarem. Antes disso, morei praticamente no centro de Amsterdã, lá onde moram os holandeses e europeus...A luz no fim do túnel é que daqui a uns 3 anos eu terei a chance de me mudar novamente - para um bairro melhor. Aqui há lista de espera para o setor de aluguéis controlados pelo governo, que é o meu caso. Aluguel no setor livre é só pra executivos e gente que ganha muito bem. Outra coisa beeeeeeeeeeeeem diferente do Brasil, diga-se de passagem.

Só sei que tem dias que me bate uma tristeza profunda. Dias em que me vejo sem perspectivas de futuro neste país, ainda mais com os últimos acontecimentos políticos e um governo de direita...Mas então eu respiro fundo e penso nos PRÓS e CONTRAS da minha situação. Estou sem trabalho há 3 anos, mas aqui na Holanda existe algo chamado seguro-desemprego (uitkering). O que significa que eu recebo uma cota mensal do governo que é o suficiente pra pagar as contas de casa (aluguel, luz, gás, telefone, internet) e fazer as compras de supermercado...Desnecessário dizer, no Brasil isso não existe!!! Enfim, dos males o menor.

Em 16 anos de Holanda, apenas dois anos atrás quando a situação ficou realmente preta que fui pedir ajuda e me inscrever na prefeitura. Porque naquele momento não tinha outra opção mesmo. No entanto, muita gente aqui - estrangeiros e holandeses - fica anos pendurado no governo, vivendo de esmola e empurrando com a barriga (conheço até brasileiros que vivem disso e não me orgulho nada desta gente). Quanto a mim, preferia mil vezes ter um emprego pra poder pagar minhas contas eu mesma! Nunca gostei de depender de ninguém. Aqui na Holanda não tenho família mas felizmente o governo ajuda. E a gente sobrevive.

Enfim, os PRÓS de se morar neste país. Já os CONTRAS talvez não sejam problemas específicos da Holanda (a crise é mundial) mas está cada vez mais difícil arrumar emprego - principalmente para quem é estrangeiro como eu (se até os holandeses estão desempregados). Pior ainda se for mulher...filho complica mais ainda, claro. Por incrível que pareça, aqui as mulheres continuam ganhando menos do que os homens (até na mesma função) e poucas exercem funções executivas. Muitas ficam mesmo é em casa com os filhos pequenos (até porque creche aqui é caríssimo).

Mas o motivo deste post é que segunda-feira recebi uma notícia ruim e me bateu um desânimo enorme. Depois de nove meses de estágio, conversei com meu gerente da agência de empregos (ou algo parecido porque no Brasil não tem isso) e discutimos a possibilidade de eu fazer um curso de nível de pós-graduação na área do estágio. Preenchemos os formulários, alguns telefonemas aqui e ali e ele disse pra eu não me animar muito porque que as chances da prefeitura pagar o curso (eu não tenho grana pra isso) eram de 50%. Segunda-feira veio a resposta negativa. Ou seja: um passo pra frente, dois pra trás. E eu estava tão animada...

Este curso significava um bocado pra mim porque me colocaria numa situação muito mais favorável pra procurar emprego aqui (eu não tenho nenhum diploma neste país, a não ser o NT2 II, o diploma mais alto de proficiência da língua holandesa). Ironias da vida, meu ex-marido, que veio pra cá com 18 anos e segundo grau incompleto, teve muito mais sorte. Não apenas por ser europeu (o que já é outra estória) mas porque naquela época ainda havia dinheiro pra investir em cursos de aperfeiçoamento, etc. E ele teve todas as chances que eu não estou tendo agora. Logo ele que nem sequer terminou o segundo grau...enquanto que eu já vim pra cá com um diploma universitário!

E agora chega de reclamar. A vida segue e a gente se vira como pode. Mas tem dias que não é fácil.






PS. Este foi provavelmente o POST MAIS LONGO da história do blog. Mas agora vou lá malhar um pouco pra ver se o astral melhora. Porque como eu mesma disse no post anterior, a gente não pode é desistir.

Tem coisa mais desmoralizante?

Depois de ter parado quase 9 meses, ontem voltei à fisioterapia (com aparelhos de musculação). Parei em janeiro e como uma coisa puxa a outra, nunca mais voltei (sem falar que o inverno rigoroso deste ano me deu a desculpa perfeita pra não sair de casa). Depois disso, a grande desculpa foi o estágio, afinal eu corria pra lá e pra cá a semana inteira! Por um ou outro motivo, também nadei muito menos neste verão do que no verão passado. E não, não me orgulho de nada disso.

Mas cá entre nós. Tem coisa mais desmoralizante do que ter de começar tudo de novo? Tem coisa mais desmoralizante do que finalmente, depois de anos, conseguir perder peso só pra ganhar tudo de novo depois? Tudo de novo outra vez. São aquelas pequenas grandes derrotas da vida que nos tiram o ânimo e nos causam um desconforto (quase) indescritível. Por não sermos melhores, por não termos mais disciplina. Enfim, por falharmos mais uma vez.

Eu acredito que a minha batalha seja muito comum a outras mulheres - e nem por isso ela é menos árdua. Pelo contrário, no meu caso é uma batalha pra vida inteira. Eu já comentei em alguns posts sobre reeducação alimentar porque não acredito em dietas. E talvez também tenha comentado (nem que por alto) que tenho problemas com comida sim. Em outras palavras, tenho um distúrbio alimentar. Ou seja, não é só uma questão de força de vontade e fechar a boca como muitos insistem em dizer. O que eu preciso mesmo é aprender a lidar com certas emoções nocivas em vez de me entupir de comida. Pronto, falei.

Na verdade, trata-se de um círculo vicioso. E se estar ciente de algo fosse o suficiente para resolver um problema, eu não teria mais problemas nesta vida!!! Felizmente - ou seria melhor dizer infelizmente - muita gente passa pelos mesmos dilemas. Por isso este desabafo...

A batalha continua, um dia de cada vez.




PS. Pra ser mais específica, me refiro a 12kgs. Eu tinha mudado para o manequim 46, comprado várias roupas novas...e agora não tenho (quase) mais nada pra usar!!!

Quinze coisas que eu não sei

 1. Ficar calada por mais de 5 minutos.
 2. Fazer contas e planejar as despesas.
 3. Poupar dinheiro e fazer planos para o futuro.
 4. Como alguém pode não gostar de gatos.
 5. Como alguém pode gostar de forró.
 6. Como alguém pode não gostar de viajar.
 7. Como alguém consegue criar 2 filhos ou mais (eu mal consigo criar um).
 8. Como funciona o iPad (ou o Blackberry).
 9. Gostar de filme de ação ou filme testosterona.
10. Fazer pudim de leite, mas sei fazer mousse de chocolate!
11. Não sei mentir nem fazer cara de paisagem.
12. Viver sem meus livros, rata de livraria desde sempre.
13. Não sei gostar de quem não gosta de mim.
14. Tocar algum instrumento musical (para tristeza de F. cuja paixão é a música)
15. Last but not least, eu não sei fazer dieta...



A idéia original para este post eu tirei daqui. Quem se animar, pode fazer também!

A Night at the Museum




Sábado fizemos um programa muito especial: uma noite no museu! Um evento único com vários museus da cidade abertos excepcionalmente até 1 ou 2hs da manhã. Ao todo 25 museus e galerias participaram do evento. Então, 10 horas da noite e lá estávamos nós passeando entre as belas pinturas da Mauritshuis, meu museu favorito em Haia - e um dos melhores museus da Holanda, anotem aí.




Obviamente, fui dar boa noite a uma das pinturas mais famosas da coleção: a belíssima moça do brinco de pérola. A moça que tem trazido ordas de turistas japoneses para Haia, basta conferir a quantidade de produtos com a imagem dela na lojinha do museu. Até eu fiquei com vontade de levar uma daquelas bugigangas pra casa. Entre a merchandise encontram-se caderninhos de notas de vários tamanhos, cadernos de endereços, imãs de geladeira, relógios de pulso, posters e até mesmo uma caixa de fósforo jumbo!

Pretendíamos ainda fazer uma visita ao museu Escher, outra grande atração turística da cidade. Mas uma amiga de F. avisou que a fila estava enorme e desistimos a tempo. Fica para outra vez, até porque F. mora na cidade e eu estou sempre por lá mesmo. E como já eram mais de 11hs da noite, acabamos optando pelo Museu Histórico da Cidade de Haia, bem interessante pra quem quiser aprender sobre a história da cidade e principalmente sobre a segunda guerra mundial, a ocupação das tropas alemãs e a resistência. O museu fica na mesma rua da Mauritshuis (do outro lado da rua). E por falar em rua, nunca vi as ruas da cidade tão cheias de gente, principalmente estudantes. Uma procissão de curiosos e amantes da arte.

Eu só sei que visitar um museu fora do horário usual é uma sensação indescritível. Algo como fazer algo ilícito ou proibido, hehehe. Em Amsterdã já fizeram algo semelhante e obviamente formaram-se filas enormes no museu Van Gogh - mas eu perdi o evento, damn!

Pra quem gostou de Little Miss Sunshine

Como tenho lido um bocado nas últimas semanas, decidi comentar logo sobre outro livro que gostei muito, The Silver Linings Play Book, o romance de estréia de Matthew Quick. Um livro original e muito legal pra quem gosta de personagens nada convencionais, como a família de Little Miss Sunshine. Ou melhor ainda, como o protagonista do ótimo The Curious Incident of the Dog in the Night-time, de Mark Haddon (mais detalhes aqui).

Em Silver Linings, o protagonista é um paciente psiquiátrico que acaba de voltar pra casa depois de uma longa internação. Embora o livro não forneça um diagnóstico específico, à medida em que você avança a leitura, é possível delinear um perfil. Principalmente pra quem já leu um bocado sobre autismo, como eu. Porque eu posso até estar redondamente enganada, mas Pat tem fortes traços de autismo. Some a isso um temperamento agressivo e temos um prato cheio!

Depois de um acontecimento trágico que ele simplesmente reprimiu para o fundo da memória e do qual nada se lembra, Pat retorna à casa dos pais para tentar reconstruir sua vida. Seu tratamento consiste em sessões de terapia semanais e medicamento. Mas o grande objetivo de sua vida é mesmo refazer a relação com a ex-mulher. O que mais do que um simples objetivo, transforma-se em uma obsessão doentia (até porque, aqui estamos mesmo lidando com doenças mentais). Enquanto isso não acontece, e enquanto ele não arruma emprego, Pat passa seus dias fazendo musculação e correndo. Melhorar sua condição física é outra obsessão, e sempre que se sente inquieto, ele coloca os tênis e sai correndo! Dizem as más línguas que funciona.

Um belo dia ele cruza com Tiffany, outra personagem complexa e castigada pela vida, digamos assim. E desde então ela passa a ser sua companheira de corridas. Os dois estabelecem um vínculo nada convencional, uma amizade de longas corridas e poucas palavras. É que eles se comunicam sem precisar falar muito. E assim nasce uma amizade com chances de se tornar algo mais. Pra quem gosta de ler, mais um livro interessante.