quarta-feira, fevereiro 29, 2012

Hugo e a história do cinema




Ontem finalmente consegui assistir Hugo, o comentado - e premiado com 5 oscars - filme do mestre Scorcese. E, sem dúvida, um dos melhores filmes dos últimos tempos. A começar pela direção de arte, claro.

O filme é, acima de tudo, uma belíssima homenagem à História do Cinema, recontada através das aventuras e descobertas de um orfão chamado Hugo na Paris dos anos 30. Hugo não apenas é o protagonista do filme como ele é a "chave" que coloca em movimento todo o filme. Após a morte de seu pai, Hugo decide consertar a todo custo um automaton que o pai havia encontrado tempos atrás abandonado em um museu. Mas para que o automaton volte a funcionar, Hugo precisa achar uma chave. Nessa busca, ele acaba encontrando muito mais do que imaginava.

É a partir daí que se desvenda diante dos seus olhos (e dos olhos dos expectadores) uma volta às origens do cinema. Hugo encontra não apenas a chave em questão, como o dono do automaton, um velho diretor de cinema que havia abandonado seus sonhos há mais de 50 anos (época da Primeira Guerra Mundial) quando foi obrigado a queimar suas películas para serem reutilizadas em uma indústria química. A guerra foi também o fim de seu maior sonho. Depois disso, o velho diretor decidiu abrir uma loja de brinquedos na estação de trem, onde passou o resto de sua vida tentando esquecer seu glorioso passado.

O diretor em questão é Georges Méliès, que não apenas existiu como foi um dos primeiros diretores de cinema. Ele era antes de mais nada um ilusionista e mágico. E com sua mágica, criou películas encantadores com o mínimo de recursos e uma imaginação genial. Infelizmente, seus filmes se perderam com o tempo e ele acabou desistindo do cinema. Até que Hugo cruza seu caminho e o ajuda a recuperar seu passado. De certa forma, Hugo não apenas devolve o automaton a seu dono como lhe devolve sua própria estória.

Enfim, uma estória inesquecível e uma homenagem genuína à história do cinema. Em outras palavras: im-per-dí-vel!


sexta-feira, fevereiro 24, 2012

Top 5 - 52 x 5 Momentos pra compartilhar: SEMANA 8



Semana 8: Os melhores filmes infantis que já assisti foram:

Por incrível que pareça, esta foi a pergunta mais difícil até agora! É quase IMPOSSÍVEL escolher apenas 5 filmes...porque eu simplesmente adoro filmes infantis. Dito isso, vamos lá:

1) Toy Story 1 (e 2 também)  
2) Ratatouille
3) Ice Age
4) Fantastic Mr. Fox
5) Coraline


domingo, fevereiro 19, 2012

Top 5 - 52 x 5 Momentos pra compartilhar: SEMANA 7



Semana 7: Eu sempre...

1) adorei estudar línguas (e sempre trabalhei com isso)
2) tive uma fascinação por tudo que é estrangeiro (não é à toa que moro fora)
3) gostei de ler e de escrever
4) quero aprender mais (sou a "eterna estudante")
5) fui autodidata



sexta-feira, fevereiro 17, 2012

Meu (maior) medo

Se tem uma coisa que tem me preocupado desde a minha viagem ao Brasil é o fato de ter descoberto que na minha família materna dois tios tiverem/tem Alzheimer (um deles já faleceu e o outro mora numa residência especial). Pra ser sincera, eu nem sabia desse fato até ter ido ao Brasil ano passado. E como minha mãe faleceu relativamente "jovem" aos 70 anos, eu nunca poderei saber se ela teria tido Alzheimer caso vivesse mais anos...

O que realmente me preocupa (e não é de hoje) é que a minha memória piorou muito nos últimos anos...principalmente depois dos anos de stress aqui na Holanda (não foi pouca coisa). Meu único "consolo", se é que se pode chamar isso de consolo, é que problemas de memória também são sintomas comuns da depressão - minha velha conhecida (quem lê este blog, sabe).

Mas o motivo deste post é que no momento estou lendo um romance sobre uma mulher de 50 anos que subitamente recebeu o diagnóstico de Alzheimer...e a estória é de arrepiar porque me reconheço em algumas situações que ela cita como esquecer a chave de casa, chegar na cozinha ou na sala e esquecer o que você foi buscar lá, viver perdendo e achando celulares, trocar o nome das pessoas, não conseguir gravar nenhum número de telefone (não sei até hoje o número de celular do meu namorado, ex-marido, filho nem o meu).

No caso da Alice do livro, trata-se do early-onset Alzheimer, cujos sintomas começam lá pelos 50 anos (ou antes). O outro tipo, e também mais comum, é o late-onset Alzheimer, comum em pessoas acima de 70 anos e portanto uma doença típica da velhice. Alice é uma prestigiosa professora de psicologia e linguística da Universidade de Harvard que começa a ter sérios problemas de memória e decide ir ao médico...Após um interrogatório médico e uma bateria de exames, ela recebe o diagnóstico que vai mudar sua vida pra sempre. Em menos de um ano, ela se vê obrigada a abandonar a carreira acadêmica de uma vida inteira.

A escritora baseou-se em relatos de pacientes para escrever o livro e sinceramente...é de tirar o sono! Perder gradativamente não apenas a memória como a capacidade de pensar e de se comunicar pra mim é o fim do mundo. Diga-se de passagem, pra Alice do livro também. A cada mês que passa, ela vê suas capacidades cognitivas se deteriorando, sem poder fazer nada pra retardar este processo cruel e acima de tudo, irreversível. Em um dado momento no livro, Alice afirma até que trocaria sua doença pelo câncer...e acreditem, eu entendi perfeitamente o que ela quis dizer com isso! As palavras e o conhecimento que vem com elas são parte essencial do meu mundo (assim como no mundo acadêmico de Alice). E perdê-las de uma vez por todas me parece um castigo que ninguém merece.

Não poder mais ler, porque você simplesmente não consegue processar mais de 3 ou 4 frases ao mesmo tempo. Não poder participar de uma conversa normal, e repetir a mesma frase na mesma conversa várias vezes porque você esqueceu o que disse há poucos minutos. Não poder mais trabalhar e ter uma vida produtiva. E no último estágio, não conseguir mais se alimentar ou se vestir sozinho, não reconhecer a família e os amigos e nem se lembrar do nomes das pessoas...tudo isso me parece insuportável. Acho que preferiria morrer...

Dito isso, confesso que tenho tentado ser sensata e tocar a vida pra frente porque convenhamos, esta é a única maneira de se viver! Ninguém sabe o que o futuro irá trazer e por isso devemos aproveitar o dia de hoje sem nos preocuparmos muito com o que vem lá adiante. Claro que todo mundo tem questões de saúde na família mas eu ainda estou assimilando esta informação adicional no meu histórico médico. E felizmente, sei que os genes nem sempre definem tudo. Há outros fatores envolvidos e que tem sido estudados por cientistas em todo o mundo. Mas também sei que a cura não existe e que o tratamento disponível nem sempre é eficaz e muitas vezes meramente paliativo.

Pra terminar, se alguém tiver vivenciado isso em sua família, por favor comente aqui...Mais um post da série "Desabafos", prometo aos meus queridos leitores que o próximo post será (bem) mais leve.



quarta-feira, fevereiro 15, 2012

Girl in Translation



Acabei de ler mais um livro sobre um assunto que tem me interessado há tempos: a vida de imigrante. No caso de Girl in Translation, os protagonistas da estória são mãe e filha, que se mudam de Hong Kong para os EUA (Nova York) em busca de uma vida melhor...o que, se você for pensar bem, é a razão pela qual a maioria das pessoas decidem emigrar, não é mesmo?

Pois o caso da menina Kim (11 anos) é especial porque tem um pequeno detalhe que faz toda a diferença nesta estória. Kim é muito inteligente - superdotada mesmo - e acostumada a tirar as melhores notas (além de medalhas e menções honrosas) na escola em Hong Kong. Ao mudar-se para os EUA seu desempenho escolar "despencou" porque ela precisava aprender inglês. Mas foi só dominar o idioma pra ela logo se tornar uma das melhores da classe. E assim conseguiu uma bolsa de estudos para uma das mais prestigiosas "high school" de Nova York! Para uma menina chinesa que se mudou para os EUA sem saber uma palavra de inglês, não é pouca coisa.

Enquanto isso, sua mãe se mata de trabalhar em uma fábrica de roupas em Chinatown - uma daquelas fábricas que vive da exploração de imigrantes ilegais. Kim dedica-se arduamente aos estudos e ainda ajuda a mãe na fábrica depois da escola. Este é, diga-se de passagem, um exemplo típico da mentalidade asiática que iremos encontrar em todo o livro. Kim acaba se responsabilizando pelo futuro e sobrevivência das duas nos EUA. Ela assume o papel de intérprete para a mãe que não consegue falar inglês. E promete para a mãe - e para si mesma - que um dia irá tirá-las da precária situação em que vivem. E é exatamente isso que ela faz, com muita determinação e claro, uma inteligência muito acima da média.

A trajetória continua e ao terminar a High School, Kim consegue uma bolsa de estudos para uma das melhores universidades americanas, a famosa Yale. Quem tem um diploma de lá tem um futuro garantido. Enfim, uma estória digna de Cinderela!

A protagonista é um exemplo de garra e determinação. E também um exemplo típico da mentalidade asiática em geral. Os asiáticas não se contentam com pouco, eles precisam ser os melhores em tudo que fazem. Notas baixas e repetir de ano são motivos de vergonha para toda a família. No Japão inclusive muitos estudantes se suicidam por não passarem em provas importantes. E eu vejo isso até na escola de holandês onde trabalho. Os alunos asiáticos sempre são os mais dedicados e a maioria nem se dá o trabalho de fazer o Exame de Cidadania (Inburgeringsexamen, obrigatório pra quem quer visto ou passaporte aqui na Holanda). Eles já vão direto pro Staatsexamen I, que tem nível mais alto que o outro exame e permite se matricular numa escola profissionalizante (MBO) daqui. Os mais ambiciosos (e não são poucos) não param por aí e ainda fazem o Staatsexamen II, o nível mais alto de proficiência na língua holandesa. Pra terem uma idéia, o Staatsexamen II permite acesso às universidades daqui (eu fiz mas não fui pra universidade porque já tinha diploma do Brasil...ledo engano mas isso é outra estória, né?).

E por falar em Holanda, a maior coincidência é que Jean Kwok (autora do livro) se mudou de Nova York pra cá há alguns anos, e mora aqui com seu marido holandês e dois filhos pequenos! Fui pesquisar um pouco sobre a escritora e confirmei o que já desconfiava durante a leitura: boa parte da estória é autobiográfica (Kim é na verdade, Jean). A escritora concluiu seus estudos com menção honrosa nos EUA e até ganhou uma bolsa para Harvard (em vez da Yale do livro). Na Holanda, Jean deu aulas de Inglês na prestigiosa Universidade de Delft. Além de ter trabalhado como tradutora do Holandês-Inglês, ao mesmo tempo em que escrevia Girl in Translation, seu romance de estréia.

Quem quiser saber mais sobre o livro e a escritora, veja o site oficial aqui.

terça-feira, fevereiro 14, 2012

52 x 5 Momentos pra compartilhar: SEMANA 6


Semana 6: Os super poderes que eu gostaria de ter se fosse um super herói seriam:

1) Capacidade de voar
2) Capacidade de cura e regeneração
3) Telepatia
4) Teletransporte
5) Capacidade de viajar no tempo




Meus super-heróis favoritos

quarta-feira, fevereiro 08, 2012

A Era do Gelo

Muito calor no Brasil e enquanto isso na Holanda, muito frio!!! Temos tido temperaturas abaixo de zero a semana inteira. Neve mesmo só teve um dia mas foi o bastante pra deixar tudo branquinho (só agora é que está diminuindo, depois de 5 dias). Bem do jeito que eu gosto (e as crianças também, claro). Agora é gelo que não acaba mais, os canais de Amsterdam estão todos congelados há dias e (quase) ninguém tem resistido patinar no gelo. Meu filho foi domingo patinar com o pai, e hoje aproveitaram a chance e foram de novo! Afinal, patinar em gelo natural não é todo inverno. Quanto a mim, prefiro ficar olhando.

Moro há 17 anos em Amsterdam e é a segunda vez que presencio essas belíssimas imagens. Os canais do centro congelados, parece até coisa de cinema! Confiram abaixo algumas imagens da semana, pra terem uma idéia.






E esta foto abaixo é em homenagem à minha querida amiga Bebete, pra mostrar que a cidade dela também está um charme só nesta Era do Gelo!


Um café em Leiden

52 x 5 Momentos pra compartilhar: SEMANA 5



Semana 5: Fazem parte da minha wishlist
1) Livros, muitos livros. Sempre.
2) DVDs de algumas séries de tv favoritas.
3) iPhone (o iPad eu já tenho, chique!)
4) Viagem ao Brasil ano que vem (tô economizando).
5) Câmara digital cor-de-rosa!

sexta-feira, fevereiro 03, 2012

Facebook e a Patrulha do Bom Humor






Este post foi inspirado por um texto que o meu querido amigo Antônio escreveu recentemente no Facebook dele. Como vocês já devem ter percebido (a menos que vivam em outro planeta), o Facebook dá panos pra manga. Se for pensar bem, aquilo ali daria um bom estudo antropológico (quem se anima? Tânia?).

Antônio descreveu uma questão que tem me incomodado muito no Facebook. E que eu sei que incomoda muita gente...enfim, posso ser louca mas sei que não estou sozinha! Muita gente comenta que o Facebook é um reflexo da realidade lá fora, então eu só posso chegar às seguintes conclusões:

A. Todo mundo vive feliz da vida, com ótimos empregos, viagens maravilhosas, filhos e maridos perfeitos. Enfim, um mundo cor-de-rosa que nem nas telas de cinema a gente vê mais.

B. Todo mundo (ou grande parte) vive em eterno processo de negação (denial), eternamente brincando de Polyanna e se esforçando pra mostrar uma realidade que na verdade está muito longe de ser real.

Eu como não sou boba nem nada, sei muito bem que a opção B é a mais provável, pra não dizer correta mesmo . Basta ler as notícias que vem sendo divulgadas recentemente sobre o Facebook, entre elas uma que afirma que o risco de depressão aumenta em proporção ao número de horas que se passa vendo aquelas fotos maravilhosas dos amigos felizes no Facebook. E não é pra menos né, gente? É felicidade demais pra nós "meros mortais" que tentamos viver um dia de cada vez.

Mas antes que me chamem de mal-amada (felizmente não é o caso) ou ranzinza (isso eu sou mesmo), eu vou logo dizer que sim: a felicidade é possível. E deve ser buscada no nosso dia-a-dia. Mas ela está longe de ser aquela felicidade retratada nos álbuns do Facebook. E no dia que você descobre isso, você pode finalmente começar a ser feliz - à sua maneira!

Vejam o meu caso. Eu tenho trabalho mas não tenho emprego (uma espécie de estágio de um ano mas deixa pra lá, eu sinceramente acho que trabalho é trabalho e pronto). Adoro o que faço, é bem verdade mas financeiramente não mudou nada. Sempre falta dinheiro depois de pagar as contas do mês. Viagens maravilhosas para continentes exóticos não fazem parte da minha realidade (e nem da sua, provavelmente). Sim, fui ao Brasil ano passado (patrocinada pelo meu tio querido). E desde que voltei estou economizando com dificuldades pra poder ir ao Brasil ano que vem. Porque ir ao Brasil a cada dois anos pra mim é um LUXO.

A boa notícia é que quanto mais os anos passam, mais eu percebo que a felicidade está nas pequenas coisas. Como hoje por exemplo: neve, chocolate quente, um bom livro...e eu sou feliz! Quando a gente entende de uma vez por todas que a felicidade é feita desses pequenos momentos, a gente deixa de se incomodar com as fantásticas aventuras dos outros no Facebook. Porque a verdade é que ninguém pode enganar todo mundo o tempo todo. E longe de mim ser urubu mas quem vive brincando de Polyanna mais cedo ou mais tarde seu mundinho cor-de-rosa desmorona...E a pessoa adoece ou cai na real (o que dói pra caramba, convenhamos).

Então vamos combinar de buscar a verdadeira felicidade, aquela que começa dentro de nós mesmos e que está nas pequenas alegrias e prazeres desta vida. A felicidade que está nas pessoas e não nas coisas. Nas amizades que ganhamos de presente nesta vida (e tem presente melhor do que a amizade?). Felizmente, esta felicidade independe da quantidade de dinheiro na sua conta bancária (eu que o diga).



Abaixo um trecho do texto brilhante do Antônio:
Outro dia aconteceu de novo. Eu havia escrito um comentário aqui no Facebook, que para mim não tinha absolutamente nada de errado, maligno ou incoveniente, apenas um comentário, um pensamento, uma divagação sem mais nem menos... e lá veio, sem ser pedido, mais um agente do que eu chamo agora a "patrulha do bom humor" para me policiar, dizendo que o meu comentário era negativo (tem coisa mais irritante, quando você está de mau humor, e alguém vem reclamar que você está sendo "negativo demais"?), que estava preocupado comigo, que eu tinha que ser mais positivo, que eu tenho que mudar de perspectiva, e blá blá blá blá blá. Puxa, que saco isso! Deixa eu curtir o meu mau humor e colocar pra fora por favor?? Desde quando a gente perdeu o direito de reclamar? Desde quando nós passamos a ser todos um monte de monges budistas cheios de sabedoria, paciência e estoicismo? Todo mundo cheio de lições de vida pra dar. Quanta gente bem equilibrada e bem resolvida nesse mundo, puxa! Desde quando nós nos chamamos todos Poliana? Desde quando nós todos viramos Annette Benning em "American Beauty" dizendo para nós mesmos que hoje "nós vamos vender uma casa"? Desde quando nós todos passamos a acreditar que a vida tem que ter um final feliz todos os dias para que nós possamos dormir tranquilamente à noite? Será que nós todos perdemos o discernimento e o espírito crítico? Perdemos a capacidade de enxergar a realidade?

PS. Post dedicado a todos os meus amigos do Facebook que como eu, sabem que nem tudo na vida são flores.

My Sister Lives on the Mantelpiece

Lá vem mais um post sobre livros...Daqui a pouco vou ter de abrir um blog novo só para as minhas leituras. Mas por enquanto, já que ninguém reclamou ainda, fico por aqui mesmo. Até porque, já tenho dois blogs para administrar, né? É que comecei o ano lendo muito, tinha feito uma resolução mental de ler ao menos 3 livros por mês e já li 6 (lista no lado direito do blog). O último livro foi My Sister Lives on the Mantelpiece, que já concorre a um dos MELHORES do ano na minha lista! E o ano mal começou né, gente?


O livro é o debut literário de Annabel Pitcher, uma inglesa de 28 anos (idade que tinha quando escreveu) e realmente impressiona. Leitura fluente, personagens cativantes e acima de tudo, humanos. Com todos os seus medos, inseguranças e defeitos. Enfim, imperfeitos - exatamente como a vida é.

O narrador é um menino de 10 anos que sofre com a morte da irmã e a subsequente separação dos pais, que não conseguiram lidar com esta terrível perda e acabaram negligenciando as crianças que sobreviveram o drama: James de 10 anos e sua irmã Jas, de 15 anos (gêmea da que morreu). A estória se passa 5 anos depois e você acompanha com o coração apertado o que uma família passa ao tentar lidar com tal perda.

Escrevendo assim parece até um livro ruim mas não se iludam! O narrador tem tiradas engraçadas (afinal, é um menino de 10 anos e tem uma maneira muito especial de ver o mundo). Há uma certa luminosidade por trás das nuvens, digamos assim. E no final, tudo acaba bem. Por incrível que pareça. Enfim, uma estória de perdas irreparáveis e famílias imperfeitas.

O que torna a leitura mais interessante e atual é o fato da menina ter morrido por causa de um ataque terrorista (uma bomba). E aí temos o pai, que além de ser uma figura ignorante tem enorme dificuldade em aceitar o ocorrido (e com toda razão). Para ele, todos os muçulmanos são assassinos e coisa e tal (tema sempre atual aqui na Europa, essas pessoas existem). E aí temos mais uma estória de racismo e preconceito social. Porque um preconceito não passa de uma idéia pré-concebida sobre algo que não conhecemos! Ou seja, ignorância e preconceito andam da mãos dadas. O problema se agrava quando a melhor amiga de James na escola nova é Sunya, uma menina muçulmana pela qual o menino comete o erro de se "apaixonar"!

Eu posso estar delirando mas em termos de narrativa, achei o livro uma espécie de cruzamento do badalado Room com o ótimo The Curious Incident of the Dog in the Night Time. Como gostei muito dos dois livros (por motivos bastante diferentes), não tinha mesmo como não gostar de My Sister Lives on the Mantelpiece. Leiam e depois me digam se concordam ou não!
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Hugo e a história do cinema




Ontem finalmente consegui assistir Hugo, o comentado - e premiado com 5 oscars - filme do mestre Scorcese. E, sem dúvida, um dos melhores filmes dos últimos tempos. A começar pela direção de arte, claro.

O filme é, acima de tudo, uma belíssima homenagem à História do Cinema, recontada através das aventuras e descobertas de um orfão chamado Hugo na Paris dos anos 30. Hugo não apenas é o protagonista do filme como ele é a "chave" que coloca em movimento todo o filme. Após a morte de seu pai, Hugo decide consertar a todo custo um automaton que o pai havia encontrado tempos atrás abandonado em um museu. Mas para que o automaton volte a funcionar, Hugo precisa achar uma chave. Nessa busca, ele acaba encontrando muito mais do que imaginava.

É a partir daí que se desvenda diante dos seus olhos (e dos olhos dos expectadores) uma volta às origens do cinema. Hugo encontra não apenas a chave em questão, como o dono do automaton, um velho diretor de cinema que havia abandonado seus sonhos há mais de 50 anos (época da Primeira Guerra Mundial) quando foi obrigado a queimar suas películas para serem reutilizadas em uma indústria química. A guerra foi também o fim de seu maior sonho. Depois disso, o velho diretor decidiu abrir uma loja de brinquedos na estação de trem, onde passou o resto de sua vida tentando esquecer seu glorioso passado.

O diretor em questão é Georges Méliès, que não apenas existiu como foi um dos primeiros diretores de cinema. Ele era antes de mais nada um ilusionista e mágico. E com sua mágica, criou películas encantadores com o mínimo de recursos e uma imaginação genial. Infelizmente, seus filmes se perderam com o tempo e ele acabou desistindo do cinema. Até que Hugo cruza seu caminho e o ajuda a recuperar seu passado. De certa forma, Hugo não apenas devolve o automaton a seu dono como lhe devolve sua própria estória.

Enfim, uma estória inesquecível e uma homenagem genuína à história do cinema. Em outras palavras: im-per-dí-vel!


Top 5 - 52 x 5 Momentos pra compartilhar: SEMANA 8



Semana 8: Os melhores filmes infantis que já assisti foram:

Por incrível que pareça, esta foi a pergunta mais difícil até agora! É quase IMPOSSÍVEL escolher apenas 5 filmes...porque eu simplesmente adoro filmes infantis. Dito isso, vamos lá:

1) Toy Story 1 (e 2 também)  
2) Ratatouille
3) Ice Age
4) Fantastic Mr. Fox
5) Coraline


Top 5 - 52 x 5 Momentos pra compartilhar: SEMANA 7



Semana 7: Eu sempre...

1) adorei estudar línguas (e sempre trabalhei com isso)
2) tive uma fascinação por tudo que é estrangeiro (não é à toa que moro fora)
3) gostei de ler e de escrever
4) quero aprender mais (sou a "eterna estudante")
5) fui autodidata



Meu (maior) medo

Se tem uma coisa que tem me preocupado desde a minha viagem ao Brasil é o fato de ter descoberto que na minha família materna dois tios tiverem/tem Alzheimer (um deles já faleceu e o outro mora numa residência especial). Pra ser sincera, eu nem sabia desse fato até ter ido ao Brasil ano passado. E como minha mãe faleceu relativamente "jovem" aos 70 anos, eu nunca poderei saber se ela teria tido Alzheimer caso vivesse mais anos...

O que realmente me preocupa (e não é de hoje) é que a minha memória piorou muito nos últimos anos...principalmente depois dos anos de stress aqui na Holanda (não foi pouca coisa). Meu único "consolo", se é que se pode chamar isso de consolo, é que problemas de memória também são sintomas comuns da depressão - minha velha conhecida (quem lê este blog, sabe).

Mas o motivo deste post é que no momento estou lendo um romance sobre uma mulher de 50 anos que subitamente recebeu o diagnóstico de Alzheimer...e a estória é de arrepiar porque me reconheço em algumas situações que ela cita como esquecer a chave de casa, chegar na cozinha ou na sala e esquecer o que você foi buscar lá, viver perdendo e achando celulares, trocar o nome das pessoas, não conseguir gravar nenhum número de telefone (não sei até hoje o número de celular do meu namorado, ex-marido, filho nem o meu).

No caso da Alice do livro, trata-se do early-onset Alzheimer, cujos sintomas começam lá pelos 50 anos (ou antes). O outro tipo, e também mais comum, é o late-onset Alzheimer, comum em pessoas acima de 70 anos e portanto uma doença típica da velhice. Alice é uma prestigiosa professora de psicologia e linguística da Universidade de Harvard que começa a ter sérios problemas de memória e decide ir ao médico...Após um interrogatório médico e uma bateria de exames, ela recebe o diagnóstico que vai mudar sua vida pra sempre. Em menos de um ano, ela se vê obrigada a abandonar a carreira acadêmica de uma vida inteira.

A escritora baseou-se em relatos de pacientes para escrever o livro e sinceramente...é de tirar o sono! Perder gradativamente não apenas a memória como a capacidade de pensar e de se comunicar pra mim é o fim do mundo. Diga-se de passagem, pra Alice do livro também. A cada mês que passa, ela vê suas capacidades cognitivas se deteriorando, sem poder fazer nada pra retardar este processo cruel e acima de tudo, irreversível. Em um dado momento no livro, Alice afirma até que trocaria sua doença pelo câncer...e acreditem, eu entendi perfeitamente o que ela quis dizer com isso! As palavras e o conhecimento que vem com elas são parte essencial do meu mundo (assim como no mundo acadêmico de Alice). E perdê-las de uma vez por todas me parece um castigo que ninguém merece.

Não poder mais ler, porque você simplesmente não consegue processar mais de 3 ou 4 frases ao mesmo tempo. Não poder participar de uma conversa normal, e repetir a mesma frase na mesma conversa várias vezes porque você esqueceu o que disse há poucos minutos. Não poder mais trabalhar e ter uma vida produtiva. E no último estágio, não conseguir mais se alimentar ou se vestir sozinho, não reconhecer a família e os amigos e nem se lembrar do nomes das pessoas...tudo isso me parece insuportável. Acho que preferiria morrer...

Dito isso, confesso que tenho tentado ser sensata e tocar a vida pra frente porque convenhamos, esta é a única maneira de se viver! Ninguém sabe o que o futuro irá trazer e por isso devemos aproveitar o dia de hoje sem nos preocuparmos muito com o que vem lá adiante. Claro que todo mundo tem questões de saúde na família mas eu ainda estou assimilando esta informação adicional no meu histórico médico. E felizmente, sei que os genes nem sempre definem tudo. Há outros fatores envolvidos e que tem sido estudados por cientistas em todo o mundo. Mas também sei que a cura não existe e que o tratamento disponível nem sempre é eficaz e muitas vezes meramente paliativo.

Pra terminar, se alguém tiver vivenciado isso em sua família, por favor comente aqui...Mais um post da série "Desabafos", prometo aos meus queridos leitores que o próximo post será (bem) mais leve.



Girl in Translation



Acabei de ler mais um livro sobre um assunto que tem me interessado há tempos: a vida de imigrante. No caso de Girl in Translation, os protagonistas da estória são mãe e filha, que se mudam de Hong Kong para os EUA (Nova York) em busca de uma vida melhor...o que, se você for pensar bem, é a razão pela qual a maioria das pessoas decidem emigrar, não é mesmo?

Pois o caso da menina Kim (11 anos) é especial porque tem um pequeno detalhe que faz toda a diferença nesta estória. Kim é muito inteligente - superdotada mesmo - e acostumada a tirar as melhores notas (além de medalhas e menções honrosas) na escola em Hong Kong. Ao mudar-se para os EUA seu desempenho escolar "despencou" porque ela precisava aprender inglês. Mas foi só dominar o idioma pra ela logo se tornar uma das melhores da classe. E assim conseguiu uma bolsa de estudos para uma das mais prestigiosas "high school" de Nova York! Para uma menina chinesa que se mudou para os EUA sem saber uma palavra de inglês, não é pouca coisa.

Enquanto isso, sua mãe se mata de trabalhar em uma fábrica de roupas em Chinatown - uma daquelas fábricas que vive da exploração de imigrantes ilegais. Kim dedica-se arduamente aos estudos e ainda ajuda a mãe na fábrica depois da escola. Este é, diga-se de passagem, um exemplo típico da mentalidade asiática que iremos encontrar em todo o livro. Kim acaba se responsabilizando pelo futuro e sobrevivência das duas nos EUA. Ela assume o papel de intérprete para a mãe que não consegue falar inglês. E promete para a mãe - e para si mesma - que um dia irá tirá-las da precária situação em que vivem. E é exatamente isso que ela faz, com muita determinação e claro, uma inteligência muito acima da média.

A trajetória continua e ao terminar a High School, Kim consegue uma bolsa de estudos para uma das melhores universidades americanas, a famosa Yale. Quem tem um diploma de lá tem um futuro garantido. Enfim, uma estória digna de Cinderela!

A protagonista é um exemplo de garra e determinação. E também um exemplo típico da mentalidade asiática em geral. Os asiáticas não se contentam com pouco, eles precisam ser os melhores em tudo que fazem. Notas baixas e repetir de ano são motivos de vergonha para toda a família. No Japão inclusive muitos estudantes se suicidam por não passarem em provas importantes. E eu vejo isso até na escola de holandês onde trabalho. Os alunos asiáticos sempre são os mais dedicados e a maioria nem se dá o trabalho de fazer o Exame de Cidadania (Inburgeringsexamen, obrigatório pra quem quer visto ou passaporte aqui na Holanda). Eles já vão direto pro Staatsexamen I, que tem nível mais alto que o outro exame e permite se matricular numa escola profissionalizante (MBO) daqui. Os mais ambiciosos (e não são poucos) não param por aí e ainda fazem o Staatsexamen II, o nível mais alto de proficiência na língua holandesa. Pra terem uma idéia, o Staatsexamen II permite acesso às universidades daqui (eu fiz mas não fui pra universidade porque já tinha diploma do Brasil...ledo engano mas isso é outra estória, né?).

E por falar em Holanda, a maior coincidência é que Jean Kwok (autora do livro) se mudou de Nova York pra cá há alguns anos, e mora aqui com seu marido holandês e dois filhos pequenos! Fui pesquisar um pouco sobre a escritora e confirmei o que já desconfiava durante a leitura: boa parte da estória é autobiográfica (Kim é na verdade, Jean). A escritora concluiu seus estudos com menção honrosa nos EUA e até ganhou uma bolsa para Harvard (em vez da Yale do livro). Na Holanda, Jean deu aulas de Inglês na prestigiosa Universidade de Delft. Além de ter trabalhado como tradutora do Holandês-Inglês, ao mesmo tempo em que escrevia Girl in Translation, seu romance de estréia.

Quem quiser saber mais sobre o livro e a escritora, veja o site oficial aqui.

52 x 5 Momentos pra compartilhar: SEMANA 6


Semana 6: Os super poderes que eu gostaria de ter se fosse um super herói seriam:

1) Capacidade de voar
2) Capacidade de cura e regeneração
3) Telepatia
4) Teletransporte
5) Capacidade de viajar no tempo




Meus super-heróis favoritos

A Era do Gelo

Muito calor no Brasil e enquanto isso na Holanda, muito frio!!! Temos tido temperaturas abaixo de zero a semana inteira. Neve mesmo só teve um dia mas foi o bastante pra deixar tudo branquinho (só agora é que está diminuindo, depois de 5 dias). Bem do jeito que eu gosto (e as crianças também, claro). Agora é gelo que não acaba mais, os canais de Amsterdam estão todos congelados há dias e (quase) ninguém tem resistido patinar no gelo. Meu filho foi domingo patinar com o pai, e hoje aproveitaram a chance e foram de novo! Afinal, patinar em gelo natural não é todo inverno. Quanto a mim, prefiro ficar olhando.

Moro há 17 anos em Amsterdam e é a segunda vez que presencio essas belíssimas imagens. Os canais do centro congelados, parece até coisa de cinema! Confiram abaixo algumas imagens da semana, pra terem uma idéia.






E esta foto abaixo é em homenagem à minha querida amiga Bebete, pra mostrar que a cidade dela também está um charme só nesta Era do Gelo!


Um café em Leiden

52 x 5 Momentos pra compartilhar: SEMANA 5



Semana 5: Fazem parte da minha wishlist
1) Livros, muitos livros. Sempre.
2) DVDs de algumas séries de tv favoritas.
3) iPhone (o iPad eu já tenho, chique!)
4) Viagem ao Brasil ano que vem (tô economizando).
5) Câmara digital cor-de-rosa!

Facebook e a Patrulha do Bom Humor






Este post foi inspirado por um texto que o meu querido amigo Antônio escreveu recentemente no Facebook dele. Como vocês já devem ter percebido (a menos que vivam em outro planeta), o Facebook dá panos pra manga. Se for pensar bem, aquilo ali daria um bom estudo antropológico (quem se anima? Tânia?).

Antônio descreveu uma questão que tem me incomodado muito no Facebook. E que eu sei que incomoda muita gente...enfim, posso ser louca mas sei que não estou sozinha! Muita gente comenta que o Facebook é um reflexo da realidade lá fora, então eu só posso chegar às seguintes conclusões:

A. Todo mundo vive feliz da vida, com ótimos empregos, viagens maravilhosas, filhos e maridos perfeitos. Enfim, um mundo cor-de-rosa que nem nas telas de cinema a gente vê mais.

B. Todo mundo (ou grande parte) vive em eterno processo de negação (denial), eternamente brincando de Polyanna e se esforçando pra mostrar uma realidade que na verdade está muito longe de ser real.

Eu como não sou boba nem nada, sei muito bem que a opção B é a mais provável, pra não dizer correta mesmo . Basta ler as notícias que vem sendo divulgadas recentemente sobre o Facebook, entre elas uma que afirma que o risco de depressão aumenta em proporção ao número de horas que se passa vendo aquelas fotos maravilhosas dos amigos felizes no Facebook. E não é pra menos né, gente? É felicidade demais pra nós "meros mortais" que tentamos viver um dia de cada vez.

Mas antes que me chamem de mal-amada (felizmente não é o caso) ou ranzinza (isso eu sou mesmo), eu vou logo dizer que sim: a felicidade é possível. E deve ser buscada no nosso dia-a-dia. Mas ela está longe de ser aquela felicidade retratada nos álbuns do Facebook. E no dia que você descobre isso, você pode finalmente começar a ser feliz - à sua maneira!

Vejam o meu caso. Eu tenho trabalho mas não tenho emprego (uma espécie de estágio de um ano mas deixa pra lá, eu sinceramente acho que trabalho é trabalho e pronto). Adoro o que faço, é bem verdade mas financeiramente não mudou nada. Sempre falta dinheiro depois de pagar as contas do mês. Viagens maravilhosas para continentes exóticos não fazem parte da minha realidade (e nem da sua, provavelmente). Sim, fui ao Brasil ano passado (patrocinada pelo meu tio querido). E desde que voltei estou economizando com dificuldades pra poder ir ao Brasil ano que vem. Porque ir ao Brasil a cada dois anos pra mim é um LUXO.

A boa notícia é que quanto mais os anos passam, mais eu percebo que a felicidade está nas pequenas coisas. Como hoje por exemplo: neve, chocolate quente, um bom livro...e eu sou feliz! Quando a gente entende de uma vez por todas que a felicidade é feita desses pequenos momentos, a gente deixa de se incomodar com as fantásticas aventuras dos outros no Facebook. Porque a verdade é que ninguém pode enganar todo mundo o tempo todo. E longe de mim ser urubu mas quem vive brincando de Polyanna mais cedo ou mais tarde seu mundinho cor-de-rosa desmorona...E a pessoa adoece ou cai na real (o que dói pra caramba, convenhamos).

Então vamos combinar de buscar a verdadeira felicidade, aquela que começa dentro de nós mesmos e que está nas pequenas alegrias e prazeres desta vida. A felicidade que está nas pessoas e não nas coisas. Nas amizades que ganhamos de presente nesta vida (e tem presente melhor do que a amizade?). Felizmente, esta felicidade independe da quantidade de dinheiro na sua conta bancária (eu que o diga).



Abaixo um trecho do texto brilhante do Antônio:
Outro dia aconteceu de novo. Eu havia escrito um comentário aqui no Facebook, que para mim não tinha absolutamente nada de errado, maligno ou incoveniente, apenas um comentário, um pensamento, uma divagação sem mais nem menos... e lá veio, sem ser pedido, mais um agente do que eu chamo agora a "patrulha do bom humor" para me policiar, dizendo que o meu comentário era negativo (tem coisa mais irritante, quando você está de mau humor, e alguém vem reclamar que você está sendo "negativo demais"?), que estava preocupado comigo, que eu tinha que ser mais positivo, que eu tenho que mudar de perspectiva, e blá blá blá blá blá. Puxa, que saco isso! Deixa eu curtir o meu mau humor e colocar pra fora por favor?? Desde quando a gente perdeu o direito de reclamar? Desde quando nós passamos a ser todos um monte de monges budistas cheios de sabedoria, paciência e estoicismo? Todo mundo cheio de lições de vida pra dar. Quanta gente bem equilibrada e bem resolvida nesse mundo, puxa! Desde quando nós nos chamamos todos Poliana? Desde quando nós todos viramos Annette Benning em "American Beauty" dizendo para nós mesmos que hoje "nós vamos vender uma casa"? Desde quando nós todos passamos a acreditar que a vida tem que ter um final feliz todos os dias para que nós possamos dormir tranquilamente à noite? Será que nós todos perdemos o discernimento e o espírito crítico? Perdemos a capacidade de enxergar a realidade?

PS. Post dedicado a todos os meus amigos do Facebook que como eu, sabem que nem tudo na vida são flores.

My Sister Lives on the Mantelpiece

Lá vem mais um post sobre livros...Daqui a pouco vou ter de abrir um blog novo só para as minhas leituras. Mas por enquanto, já que ninguém reclamou ainda, fico por aqui mesmo. Até porque, já tenho dois blogs para administrar, né? É que comecei o ano lendo muito, tinha feito uma resolução mental de ler ao menos 3 livros por mês e já li 6 (lista no lado direito do blog). O último livro foi My Sister Lives on the Mantelpiece, que já concorre a um dos MELHORES do ano na minha lista! E o ano mal começou né, gente?


O livro é o debut literário de Annabel Pitcher, uma inglesa de 28 anos (idade que tinha quando escreveu) e realmente impressiona. Leitura fluente, personagens cativantes e acima de tudo, humanos. Com todos os seus medos, inseguranças e defeitos. Enfim, imperfeitos - exatamente como a vida é.

O narrador é um menino de 10 anos que sofre com a morte da irmã e a subsequente separação dos pais, que não conseguiram lidar com esta terrível perda e acabaram negligenciando as crianças que sobreviveram o drama: James de 10 anos e sua irmã Jas, de 15 anos (gêmea da que morreu). A estória se passa 5 anos depois e você acompanha com o coração apertado o que uma família passa ao tentar lidar com tal perda.

Escrevendo assim parece até um livro ruim mas não se iludam! O narrador tem tiradas engraçadas (afinal, é um menino de 10 anos e tem uma maneira muito especial de ver o mundo). Há uma certa luminosidade por trás das nuvens, digamos assim. E no final, tudo acaba bem. Por incrível que pareça. Enfim, uma estória de perdas irreparáveis e famílias imperfeitas.

O que torna a leitura mais interessante e atual é o fato da menina ter morrido por causa de um ataque terrorista (uma bomba). E aí temos o pai, que além de ser uma figura ignorante tem enorme dificuldade em aceitar o ocorrido (e com toda razão). Para ele, todos os muçulmanos são assassinos e coisa e tal (tema sempre atual aqui na Europa, essas pessoas existem). E aí temos mais uma estória de racismo e preconceito social. Porque um preconceito não passa de uma idéia pré-concebida sobre algo que não conhecemos! Ou seja, ignorância e preconceito andam da mãos dadas. O problema se agrava quando a melhor amiga de James na escola nova é Sunya, uma menina muçulmana pela qual o menino comete o erro de se "apaixonar"!

Eu posso estar delirando mas em termos de narrativa, achei o livro uma espécie de cruzamento do badalado Room com o ótimo The Curious Incident of the Dog in the Night Time. Como gostei muito dos dois livros (por motivos bastante diferentes), não tinha mesmo como não gostar de My Sister Lives on the Mantelpiece. Leiam e depois me digam se concordam ou não!