segunda-feira, fevereiro 03, 2014

The Buddha in the Attic



Como todo inverno, tenho lido muito este ano...em janeiro li 5 livros, sem falar em umas histórias em quadrinhos excelentes (entre elas, duas do Daniel Clowes: Mr. Wonderful e Wilson). Ontem acabei de ler um livro que estava na fila de espera há mais de ano.

O livro se chama The Buddha in the Attic (2011) e conta uma estória desconhecida por muitos...e por isso mesmo, uma estória comovente e que precisa ser contada. Trata-se da vida de imigrantes japonesas que foram para os EUA pouco antes da Segunda Guerra Mundial. Elas eram apelidadas de "picture brides" e saíam em navios do Japão já casadas com japoneses que haviam emigrado para os EUA em busca de uma vida melhor (land of milk and honey blablabla). Ou seja, noivas de encomenda.

Esta estória me comoveu justamente por contar uma estória que não lemos nos livros de História...trata-se da estória dos perdedores, digamos assim. E todo mundo sabe que a História é escrita pelos vencedores. Nesse caso, vemos como essas mulheres japonesas são exploradas pelos próprios maridos (e pelos fazendeiros americanos), que as importam para trabalharem dia e noite nas plantações e ajudar nas colheitas anuais. Vemos como essas mesmas mulheres são maltratadas pelos maridos, que não as levam em consideração nem se preocupam com seu bem-estar (com raríssimas exceções). Homens que colocam a mulher pra trabalhar do lado deles nas plantações e à noite ainda esperam que ela faça a janta, dê banho nos filhos, passe as roupas, etc. A famosa "jornada dupla" (que muitas mulheres fazem até hoje, verdade seja dita). Mulheres passivas que vivem vidas miseráveis à sombra de seus maridos e filhos. E como se não bastasse, ainda são discriminadas pelos americanos por serem de outra raça.

Mais especificamente, a parte da estória que eu não sabia é sobre a população de japoneses nos EUA durante a Segunda Guerra Mundial. Esses imigrantes trabalhadores passaram a ser vistos como inimigos da noite para o dia. Muitos foram levados para campos de trabalho forçado onde preparavam alimentos para as tropas americanas. Outros foram enviados de volta para o Japão sem aviso prévio, com direito a apenas uma mala e só. A grande maioria nem teve tempo de encerrar seus negócios ou se despedir de amigos. Enfim, um drama desconhecido de muitos mas que não deixa de ser um drama!

Eu confesso que amo romances de imigrantes (ïndia, Japão, China) porque eu mesma também levo uma vida de imigrante há 20 anos. Então sempre leio sagas de imigrantes e comento aqui no blog. Sem falar que ando apaixonada por escritores japoneses, desde meu favorito Murakami até Ruth Ozeki, a revelação do ano passado, que comentei aqui. Pois Julie Otsuka, como Ruth Ozeki, também é filha de japoneses. E assim como Ruth Ozeki, (sobre)vive entre duas culturas distintas, a japonesa e a americana.

Leitura altamente recomendada!


2 comentários:

Eliana disse...

Existem muitos fatos na história da humanidade que sequer cogitamos e uma delas é a exploração do ser humano pelo próprio ser humano. E há muito pra evoluir.

Eber Soler Rochi disse...

Me gustó mucho el estilo en el que Julia Otsuka armó el libro. No hay un personaje ni dos, sino que los personajes son todas esas mujeres que se fueron a la aventura y se encontraron con un mundo completamente distinto, con vidas peores o mejores de las que dejaron atrás.
Me dio ganas de buscar más libros de esta autora - creo que tiene otra novela publicada, pero no estoy segura.

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The Buddha in the Attic



Como todo inverno, tenho lido muito este ano...em janeiro li 5 livros, sem falar em umas histórias em quadrinhos excelentes (entre elas, duas do Daniel Clowes: Mr. Wonderful e Wilson). Ontem acabei de ler um livro que estava na fila de espera há mais de ano.

O livro se chama The Buddha in the Attic (2011) e conta uma estória desconhecida por muitos...e por isso mesmo, uma estória comovente e que precisa ser contada. Trata-se da vida de imigrantes japonesas que foram para os EUA pouco antes da Segunda Guerra Mundial. Elas eram apelidadas de "picture brides" e saíam em navios do Japão já casadas com japoneses que haviam emigrado para os EUA em busca de uma vida melhor (land of milk and honey blablabla). Ou seja, noivas de encomenda.

Esta estória me comoveu justamente por contar uma estória que não lemos nos livros de História...trata-se da estória dos perdedores, digamos assim. E todo mundo sabe que a História é escrita pelos vencedores. Nesse caso, vemos como essas mulheres japonesas são exploradas pelos próprios maridos (e pelos fazendeiros americanos), que as importam para trabalharem dia e noite nas plantações e ajudar nas colheitas anuais. Vemos como essas mesmas mulheres são maltratadas pelos maridos, que não as levam em consideração nem se preocupam com seu bem-estar (com raríssimas exceções). Homens que colocam a mulher pra trabalhar do lado deles nas plantações e à noite ainda esperam que ela faça a janta, dê banho nos filhos, passe as roupas, etc. A famosa "jornada dupla" (que muitas mulheres fazem até hoje, verdade seja dita). Mulheres passivas que vivem vidas miseráveis à sombra de seus maridos e filhos. E como se não bastasse, ainda são discriminadas pelos americanos por serem de outra raça.

Mais especificamente, a parte da estória que eu não sabia é sobre a população de japoneses nos EUA durante a Segunda Guerra Mundial. Esses imigrantes trabalhadores passaram a ser vistos como inimigos da noite para o dia. Muitos foram levados para campos de trabalho forçado onde preparavam alimentos para as tropas americanas. Outros foram enviados de volta para o Japão sem aviso prévio, com direito a apenas uma mala e só. A grande maioria nem teve tempo de encerrar seus negócios ou se despedir de amigos. Enfim, um drama desconhecido de muitos mas que não deixa de ser um drama!

Eu confesso que amo romances de imigrantes (ïndia, Japão, China) porque eu mesma também levo uma vida de imigrante há 20 anos. Então sempre leio sagas de imigrantes e comento aqui no blog. Sem falar que ando apaixonada por escritores japoneses, desde meu favorito Murakami até Ruth Ozeki, a revelação do ano passado, que comentei aqui. Pois Julie Otsuka, como Ruth Ozeki, também é filha de japoneses. E assim como Ruth Ozeki, (sobre)vive entre duas culturas distintas, a japonesa e a americana.

Leitura altamente recomendada!


2 comentários:

Eliana disse...

Existem muitos fatos na história da humanidade que sequer cogitamos e uma delas é a exploração do ser humano pelo próprio ser humano. E há muito pra evoluir.

Eber Soler Rochi disse...

Me gustó mucho el estilo en el que Julia Otsuka armó el libro. No hay un personaje ni dos, sino que los personajes son todas esas mujeres que se fueron a la aventura y se encontraron con un mundo completamente distinto, con vidas peores o mejores de las que dejaron atrás.
Me dio ganas de buscar más libros de esta autora - creo que tiene otra novela publicada, pero no estoy segura.